segunda-feira, 8 de junho de 2009

Glossário de Termos Umbandistas (A – C)

Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, glossário pode ser definido como:

  1. dicionário de palavras de sentido obscuro ou pouco conhecido;
  2. conjunto de termos de uma área do conhecimento e seus significados; vocabulário
  3. pequeno léxico agregado a uma obra, principalmente para esclarecer termos pouco usados.

A fim de auxiliar os novatos, como eu, na seara Umbandista, resolvi fazer uma vasta pesquisa e montei um glossário com os principais termos utilizados na nossa querida Umbanda. Trata-se da reunião de diversos verbetes encontrados em inúmeras fontes. Este glossário está subdividido a cada três letras do nosso alfabeto, para uma melhor organização. Exemplo: de A a C, de D a F e assim sucessivamente.

Vale lembrar que existem controvérsias e até polêmicas a respeito de alguns significados; tentei contemplar essas divergências da melhor forma possível e espero que este modesto dicionário possa ser útil a todos nós. Que Pai Oxalá nos abençoe e nos ilumine!

 

A

ABABÁ — Alguidar (vd.), cuia de barro ou recipiente de metal. Também é o nome de uma tribo tupi-guarani que morava nas cabeceiras do rio Corumbiara, no Mato Grosso.

ABAÇÁ/ ABACÊ — Do idioma fon, agbasa = sala, salão. Espaço do templo/ tenda/ terreiro de Umbanda destinado à dinâmica de seu funcionamento — atendimentos, cerimônias, etc.

ABALUAÊ / ABALUAIÊ/ OBALUAÊ/OBALUAIÊ — Orixá também conhecido como Afomã, Waru-Ware, Vapanã, Sopona, Xapanã (Nação). Através do sincretismo com a religião Católica, é identificado como São Lázaro ou São Roque. Responsável pelo fim da vida carnal e princípio da vida espiritual.

ABEBÉ/ABEDÊ — É o leque de Oxum, quando feito de latão.

ABRIR A GIRA — Significa o início ou a abertura dos trabalhos nos terreiros de Umbanda. Vd. Gira.

ABRIR OS CAMINHOS — Retirar entraves energéticos que estejam impedindo o fluxo natural da vida de uma pessoa.

ACARIÇOBA/ ACARISSOBAHydrocotyle sp. Também chamada erva-capitão, barbarosa, acaricaba. É uma planta muito usada em banhos de descarga. Em tratamentos caseiros (diurético, emético, tônico), normalmente usa-se a planta toda, mas as folhas são tóxicas para uso interno.

ACENDE-CANDEIAPlathymenia foliosa. Árvore cuja casca tem uso medicinal. Muito usada em banhos, sendo conhecida também pelos nomes de vinhático e candeia-mucerengue.

ACOSTAR — Refere-se à ocasião da incorporação mediúnica.

ADÂMICO — Referente a Adão (primeiro homem a ser criado, na tradição bíblica). Primitivo, ancestral.

ADARRUM — É o toque feito seguidamente pelos atabaques, quando da invocação dos protetores para se incorporarem nos médiuns.

ADEJÁ/ ADJÁ — É uma campainha ou sineta usada nas cerimônias de terreiro, cujo toque também tem poder vibratório.

AGÔ — Licença ou permissão (ou mesmo, em alguns contextos, um pedido de proteção para a Espiritualidade).

AGÔ-IÊ — “Dai-me Licença”.

ÁGUA DAS SETE PROCEDÊNCIAS — Água assim chamada quando se reúne, em um só vasilhame, uma pequena quantidade de água de cada uma das seguintes origens: água do mar, do rio, da cachoeira, de mina, de lagoa, do orvalho, da chuva. Essa água é utilizada em diversos trabalhos.

ÁGUA FLUIDIFICADA — Trata-se de água potável que tenha recebido vibrações dos Guias, a fim de que adquira propriedades terapêuticas.

ÁGUA GREGORIANA — É uma água preparada com sal, vinho e cinza, utilizada na liturgia Católica, podendo ser utilizada como agente deslocador de fluidos muito pesados, larvas astrais ou toxinas psíquicas.

ÁGUA MAGNETIZADA — Vd. água fluidificada.

ÁGUIA BRANCA — Índio, Chefe de Falange dos Peles Vermelhas. Linha de Oxóssi.

AGUERÉ — Toque de atabaque cadenciado com duas variações: uma para Iansã, outro para Oxóssi.

AIMORÉ — Tribo de índios da linha tapuia, também chamados de Botocudos por causa do uso de grandes adornos labiais e auriculares. Viviam do sul da Bahia ao norte do Espírito Santo. Grandes corredores e guerreiros temíveis, os aimorés resistiram ferozmente à demarcação das Capitanias Hereditárias. Hoje, descendentes dos botocudos, os krenak, vivem em área de proteção, mas quase foram dizimados. Também pode se referir à designação do Deus da caça. Chefe de legião (vd.) da linha (vd.) de Oxalá.

AIOCÁ/ AIUCÁ/ AIOKÁ/ AIUKÁ — Referente a Iemanjá e ao fundo do mar.

AIUÊ — Do quimbundo "Ai! Au! Ai de mim!". É interjeição de admiração ou surpresa, exprimindo alegria, gracejo, espanto ou satisfação.

AKÁSICO/AKHÁSICO — Céu, celeste (do sânscrito ákasa).

ALÁ — Toalha branca para uso ritual.

ALABÊ — É o Ogã (vd.) chefe tocador de atabaques e instrumentos rituais, é quem tem a obrigação principal de conduzir os toques durante a sessão. Os Ogãs só recebem essa denominação específica quando são devidamente preparados e passam por rituais de consagração. Também é quem dispensa os cuidados especiais de limpeza fluídica ao atabaque.

ALDEIA — Povoado indígena. Quando se refere a espíritos de caboclos, corresponde à sua morada. Também pode ser sinônimo de templo ou terreiro de Umbanda

ALECRIMRosmarinus officinalis. Planta arbustiva muito conhecida, usada na culinária, na medicina popular e em banhos, defumações e amuletos para afastar energias negativas e atrair bons fluidos e proteção.

ALGUIDAR — Vasilha de barro em forma de cone truncado invertido, semelhante a uma bacia, onde se depositam objetos diversos, oferendas, etc.

AMACI — Líquido preparado com o sumo de diversas plantas, não cozidas, maceradas em água. Utilizado para preparar o médium para receber as energias próprias do terreiro, limpeza de aura e confirmação ou fortalecimento do contato das entidades trabalhadoras da coroa do médium.

AMARRADO — Nome popular para o estado do indivíduo atingido por vibrações nocivas, que prejudicam sua vida (saúde, trabalho, família, etc).

AMULETO — Objeto com finalidade protetora, que se traz pendurado ao pescoço, preso na roupa ou guardado em casa.  Considera-se que tenha o poder de afastar maus fluidos.  Pode ser medalha, figura, inscrição ou outros objetos, dentro de um saquinho ou estojo de qualquer material: pedra, marfim, madeira, metal, pano, etc.

ANGELIM AMARELOHymenolobium modestum. Árvore robusta, de seiva resinosa que se solidifica em contato com o ar. É de grande uso nos banhos de defesa e em defumações.

ANGOLA — País da costa atlântica sul da África ocidental. Sua capital é Luanda. Antiga colônia de Portugal, forneceu inúmeros cativos durante o período escravagista, trazendo vários dialetos de origem Banto como quimbundo e quikongo. Na Umbanda, muitas entidades espirituais associam esse termo aos seus nomes — Pai Anastácio de Angola, por exemplo. A chamada “Umbanda de Angola” é o culto umbandista muito influenciado pelo candomblé de rito angola.

ANGOMBA — É a designação do segundo tambor dos atabaques. Segundo o famoso pesquisador de folclore Luís da Câmara Cascudo, porém, é o atabaque maior, correspondente ao Rum.

ANIMISMO — Conjunto dos fenômenos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns. Temido por médiuns iniciantes, pelo receio de ser interpretado como interferência voluntária na qualidade das manifestações. Existe certa polêmica a respeito: há autores que defendem a idéia de que seria impossível a ocorrência do fenômeno mediúnico sem algum grau de animismo; outros acreditam que, de fato, é uma interferência indesejável.

APARELHO — Médium.

ARANAUAM — Expressão utilizada como saudação, formada pela contração de dois termos: ara (luz); anauam (paz): “paz e luz!”.

ARARIBÓIA — Caboclo, chefe de uma das legiões da Linha de Oxóssi.

ARAÚNA — Índio, chefe de falange dos Guaranis. Linha de Oxóssi.

ARERÊ — É uma palavra de origem iorubá (Nigéria e República do Benin). É mais uma exclamação que sugere "olha a briga!" ou "olha a festa".

ARIMBÁ — Pote de barro para guardar o azeite-de-dendê.

ARQUÉTIPO — Pode ser compreendido como um conjunto de predisposições inatas para experimentar e simbolizar situações humanas universais; termo extremamente difundido em Ciências Humanas por contribuição do psicanalista suíço Carl Gustav Jung que, a partir da concepção de Platão (para quem a “idéia” seria um modelo espiritual pré-existente ao mundo exterior), definiu os arquétipos como elementos estruturais e formadores do inconsciente. Como exemplo, podemos citar os arquétipos do herói, da mãe, da alma-gêmea. Frequentemente, correspondem a temas encontrados em sonhos e fantasias de muitos indivíduos, além de referências mitológicas que reaparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes. Nesse sentido, as características atribuídas aos Orixás (e até mesmo às entidades formadoras do triângulo fluídico) derivam de arquétipos evidentes: a “Mãe” Iemanjá, o “herói guerreiro” Ogum, etc.

ARREBENTA-CAVALOSolanum aculeatissimum – Família Solanaceae. Planta cujas cinzas são aproveitadas na confecção de sabão caseiro, sendo também muito utilizada nos banhos de descarga. Seu fruto é tóxico e não deve ser ingerido. Provavelmente, seu nome popular deve-se à intoxicação de cavalos e bois pela ingestão do mesmo.

ARRIAR — Fazer a entrega de oferenda no local da vibração específica.

ARRUDARuta graveolens. Planta muito empregada na medicina popular e também como amuleto, sendo muito usada em banhos e em defumações para destruir os efeitos maléficos de cargas fluídicas negativas. O chá pode causar intoxicações e não deve ser consumido por gestantes.

ARUANDA — Céu, Nirvana ou Firmamento, isto é, a moradia daquele que é o Criador Supremo. Plano Espiritual Elevado, onde habitam os Orixás e entidades superiores. Termo derivado de Luanda (São Paulo de Luanda), capital da Angola, que representava para os negros escravos a reminiscência de sua pátria perdida, lugar de sonhos nostálgicos de regresso, paraíso de liberdade.

ASSA-PEIXEVernonia Polyanthes, Vernonia ferruginea Less. Planta de propriedades medicinais (diurética, expectorante...) também conhecida como cambará, mata-campo. Possui grandes propriedades mágicas; muito utilizada em banhos e defumações que combatem cargas nocivas dirigidas contra pessoas e ambientes.

ASSENTAMENTO — Objetos ou elementos da natureza cuja substância e configuração abrigam a força dinâmica de uma divindade. Consagrados, são depositados em locais apropriados de uma casa-de-santo.

ASSENTO — Tratando-se do terreiro, esse termo quer dizer santuário dos Orixás, ou um local onde estão depositados objetos que simbolizam sua natureza específica.

ATABAQUE — Instrumento de percussão semelhante a um tambor. Apresenta-se em registro grave, médio e agudo, com os nomes respectivos de Rum, Rumpi e Lé (ou Runlé). O uso do atabaque é restrito a médiuns especialmente preparados (vd. alabê e ogã).

ATOTÔ! — Saudação a Omulu/Obaluaiê de origem iorubana que significa “Silêncio!”, ou “Ele está entre nós!”.

ATUADO — Termo empregado para se dizer que uma pessoa está sob a influência mediúnica de um espírito.

AUÊ — Expressão frequentemente utilizada em alguns pontos cantados; significa “meu amigo” em iorubá.

AUM — É o mantra mais importante do hinduísmo e outras religiões. Um mantra consiste numa sílaba ou poema religioso normalmente em sânscrito; é um instrumento da representação e concentração mentais e por isso um recurso de poder mental. O mantra é ainda mais poderoso do que um som comum: é como uma porta que se abre para a profundidade da experiência. Aum (ou OM, como também costuma ser representado) é a semente vibracional que "fecunda" outros mantras, como Om namah Shivaya.

AURA — Emanação fluídica do corpo humano e dos demais corpos. A aura é um elemento etéreo, imaterial, que cobre todo o corpo físico. Algumas pessoas fotografam a aura por um processo chamado fotografia kirlian ou kirliangrafia, demonstrando visualmente a variação de suas emanações da parte física, mental e emocional (cor, tamanho, brilho, etc) conforme as condições do indivíduo naquele momento.

AVISSAIS — Seres da natureza (vd.), pertencentes ao (vd.) elemento terra; geralmente associados a rochas, cavernas subterrâneas e, que vez ou outra, vêm à superfície. Atuam como transformadores, convertendo elementos materiais em energia. Também são coadjuvantes no trabalho dos bons espíritos, pois, como estão ligados à terra, trazem uma cota de energia primária essencial para a reconstituição da aparência perispiritual de entidades materializadas, inclusive quando perderam a forma humana ou sentem-se com os membros e órgãos dilacerados.

AXÉ — Termo iorubano (àse) que significa lei, poder. Força que permite a dinâmica da vida, a sucessão dos processos vitais presentes em todos os reinos da natureza, manipulada magisticamente, através de rituais e oferendas. Também pode significar a força mágica do terreiro, através da reunião de diversos objetos pertencentes às várias linhas, entidades, falanges etc, e que são ocultados dentro dos limites do terreiro. Igualmente, pode significar uma expressão utilizada para transmitir força espiritual, podendo ser ainda, o mesmo que “amém”, “assim seja”.

AZÊ — Juntamente com o “filá” e o xocotô, compõe a vestimenta de palha da costa usada por Omulu.

AZEITE-DE-DENDÊ — Óleo extraído das sementes do dendezeiro, Elaeis guineensis, Jacq, muito empregado na culinária doméstica nordestina — principalmente baiana — e no ritual de Umbanda.

 

B

BABÁ — Chefe dos trabalhos. Mãe de Santo, chefe dos cultos (feminino). Também prefixo que compõe títulos sacerdotais masculinos, como babalaô, babalorixá.

BABALAÔ — Pai-de-santo. Chefe ou Sacerdote do terreiro.

BABALORIXÁ — Chefe masculino de terreiro; sacerdote. Denominado popularmente “pai-de-santo”, dirige o corpo sacerdotal. Orienta a vida espiritual da comunidade religiosa.

BAIANOS — Linha de trabalho de Umbanda, formada por espíritos que se apresentam fluidicamente como o “povo da Bahia”, trabalhando com alegria, extroversão e grande eficiência em descarga de energias nocivas e dificuldades emocionais.

BAIXAR — Termo que se refere a quando os Protetores ou Guias baixam nos terreiros durante as sessões, para se incorporarem nos médiuns.

BÁLSAMO DE TOLU — Resina extraída de árvore de mesmo nome. Muito empregado na medicina popular por suas propriedades expectorantes. Utilizado na Umbanda para defumações.

BANDA — Termo que diz respeito à procedência do Guia. É também a linha/falange a que está ligada a Entidade.

BANTO — Grupo étnico e linguístico do qual procederam inúmeros escravos angolas, cabindas, congos, benguelas e moçambiques. Originário da África central, dispersou-se pelo continente em diversas direções; os subgrupos que ocuparam a costa ocidental da África se espalharam pelo território e cederam escravos para o tráfico europeu.

BARRACÃO — Sinônimo de terreiro.

BASTÃO-DE-OGUM — Planta do gênero Sansevieria. Variedade da conhecida (vd.) Espada de Ogum, ou Espada de São Jorge, mas com folhas longas e cilíndricas.

BATÁ-COTÔ — Tambor de guerra iorubano, formado por estrutura de cabaça e tímpano de couro. Tido como elemento fortemente incitador das massas rebeladas, sua importação foi proibida depois da Revolta dos Malês (insurreição de um grupo de africanos muçulmanos — os malês — em 1835).

BATER CABEÇA — Ritual que quer dizer cumprimentar respeitosa e humildemente. Consiste em abaixar-se aos pés do congá (vd.) ou a uma Entidade Espiritual e tocar sua cabeça ao chão, aos seus pés. Representa respeito e humildade.

BATER NOS OMBROS — É uma espécie de saudação que tem lugar durante os trabalhos de terreiro, quando o guia, com seu ombro esquerdo, toca no ombro direito de algum outro guia ou mesmo de algum assistente, com o ombro direito bate no esquerdo e finaliza com o primeiro movimento.

BATISMO — Também chamado Batismo de Lei, é um dos primeiros rituais de iniciação mediúnica no terreiro, e que habilita quem o recebe para as próximas etapas de integração à corrente de trabalho. Também existe o sacramento do batismo para os filhos dos umbandistas, realizado de forma diferente e estabelecido de acordo com a orientação da chefia espiritual do terreiro.

BATUQUE — Nome dado a alguns terreiros e centros espíritas em vários lugares do Norte, sobretudo na Bahia e no Amazonas. Batuque é também o nome das danças que os escravos africanos praticavam sob o som de instrumentos de percussão. No Rio Grande do Sul, corresponde ao ritual da Umbanda, propriamente dito.

BEIJADA — Nome dado à falange constituída de espíritos de luz que se apresentam como crianças. Também se diz ibeijada.

BEIJIS — Corruptela de Ibeji, Orixás gêmeos africanos que correspondem, no
sincretismo afro-brasileiro, aos santos católicos Cosme e Damião. Também pode representar entidade da linha de Yori.

BENGUELA — Região do sul da África, responsável pelo envio de milhares de escravos ao Brasil. Tornou-se denominação dos indivíduos provenientes desse local — “os benguelas”.

BENJOIM — Resina extraída da solidificação do soro proveniente de cortes no caule do benjoeiro (Styrax benjoin); utilizada em banhos e defumações.

BENZEDURA — Conjunto de procedimentos (orações, gestos, manipulação de ervas) empregado para curar doenças.

BERIMBAU — Instrumento musical de origem africana, constituído de um arco feito de uma vara de madeira, um fio metálico preso nas extremidades da vara e uma cabaça que funciona como caixa de ressonância. O tocador de berimbau percute o fio com algum acessório (pedra, a vareta) para produzir os sons do berimbau.

BICO-DE-PATOMachaerium nictitans. É o nome como é conhecida uma planta de uso freqüente em defumações, com ação para desfazer trabalhos e afastar fluidos nocivos para pessoas ou ambientes.

BINGA — Recipiente feito de chifre, normalmente usado para guardar pólvora e acender fogo.

BOIADEIROS — Linha de trabalho da Umbanda, formada por espíritos que se identificam sob a apresentação fluídica de sertanejos, condutores e tratadores de gado, representado a força de vontade, a luta através do trabalho, o detemor

BOLAR NO SANTO — início incompleto de transe que ocorre com médiuns iniciantes.

BOMBO-GIRA — Denominação de Exu (culto de nação). Deu origem à corruptela “Pomba-gira” (vd.).

BRADA-MUNDO — Planta de folhas muito usadas para banhos e defumações, sendo também um poderoso condensador de fluidificações e grande atrativo de forças benéficas.

BREVE — Oração guardada numa espécie de envelope de couro ou pano, utilizado por seu possuidor para protegê-lo de perigos e dificuldades.

BURRO — Médium (termo geralmente usado por Exus/Pombas-giras).

BÚZIOS — São pequenas conchas marinhas, empregadas como adornos, amuletos ou mesmo oráculos, em alguns terreiros.

 

C

CAAPOMANGAPlumbago scandens L. Também chamada de caapomonga, louco, erva-de-diabo. Planta sub-arbustiva usada na medicina popular como anti-reumática, contra dores de dentes, bem como em problemas dermatológicos e digestivos — mas sua ingestão pode causar reações tóxicas. Muito usada em trabalhos de terreiro.

CABAÇA — Fruto do cabaceiro (Lagenaria vulgaris), utilizado para confeccionar utensílios domésticos (cuias, vasilhas, etc) ou mesmo instrumentos musicais. Também chamada de porongo ou coité.

CABANA — Casa rústica ou palhoça. É o nome também dado aos lugares onde são instalados terreiros ou centros.

CABEÇA DE LEGIÃO — Nome dado aos exus coroados; são os mais elevados dentro da hierarquia dos exus.

CABEÇA FEITA — É como é denominado o médium que se desenvolveu e foi cruzado em terreiros que empregam esse ritual, tendo um Protetor ou Guia como chefe espiritual.

CABEÇA MAIOR — Pessoa de alta hierarquia no templo, geralmente o dirigente.

CABOCLO — Designação dos Guias de uma das três formas de apresentação na Umbanda. Alguns autores estabelecem os Caboclos como uma linha de trabalho (vd.). Dentro das Sete Linhas (vd.), trabalham com as seguintes: Oxalá (estes não incorporam, somente passam vibrações), Ogum, Oxossi, Xangô e Iemanjá. Embora se apresentem como guias das raças ameríndias, não são necessariamente entidades que viveram encarnadas como índios: costumam assumir essa forma fluídica de apresentação para facilitar a comunicação com os encarnados e para representar, simbolicamente, o que podemos chamar de “segundo período” da experiência humana — a maturidade — caracterizada pelo vigor, a pujança, a coragem e a determinação, aliados à simplicidade do silvícola e à sua intrínseca ligação com a natureza. Juntamente com as (vd.) crianças e os (vd.) pretos-velhos, formam o (vd.) triangulo fluídico.

CACHIMBO — Muito usado nos trabalhos de terreiro, normalmente por pretos-velhos, como veículo de manipulação astral das energias liberadas pela combustão do fumo.

CAIR DE SANTO, CAIR EM TRANSE — Entrar em transe mediúnico, isto é, quando o médium está pronto para receber seu Guia.

CALANDRINIA — É um gênero botânico da família Portulacaceae. Usada em banhos e defumações.

CALUNGA PEQUENA — Cemitério. Para os bantos, Kalunga significava a travessia do mundo dos vivos para o mundo dos mortos. Por associação, passou a chamar-se calunga o local onde os corpos das pessoas são enterrados. O termo “pequena” é a contraparte de calunga grande (vd.).

CALUNGA GRANDE — Oceano, mar. Além da alta taxa de mortalidade durante seu transporte nos navios negreiros (quando se jogavam os corpos dos mortos no mar), para muitos nativos da costa africana os europeus levavam negros em seus navios para devorá-los, e as viagens marítimas significavam a morte certa.

CAMARINHA — É o nome dado à prática existente em alguns terreiros, que consiste em concentrar os iniciados em um recinto especial durante alguns dias, enquanto perdurar o desenvolvimento da mediunidade e aprendizagem de assuntos relacionados aos trabalhos de terreiro, mediante práticas ritualísticas rigidamente estabelecidas. Termina com a Saída de Camarinha, cerimônia na qual os iniciados são formalmente apresentados.

CAMBINDA — Corruptela de Cabinda, região de Angola (vd.) e hoje uma de suas províncias. Uma infinidade de escravos no Brasil era chamada de negros cambindas – o que ocasionou, na Umbanda, o emprego desse termo na designação de muitos Pretos-Velhos (ex. Pai José Cambinda).

CAMBONO, CAMBONE — Auxiliar de Médiuns de Incorporação, teve o necessário desenvolvimento para poder auxiliar e atender aos Guias nas necessidades das sessões. Auxiliar de culto. Em giras de atendimento, pode auxiliar o consulente, caso o mesmo encontre dificuldades de compreensão na mensagem transmitida pela entidade comunicante.

CAMUTUÊ — Cabeça (do quimbundo kamutue, cabecinha).

CANDOMBLÉ — Religião afro-brasileira. O culto religioso costuma distinguir-se pelas suas designações regionais: Candomblé (leste-setentrional, especialmente Bahia), Xangô (nordeste-oriental, especialmente Pernambuco), Tambor/Tambor de Minas (nordeste ocidental, especialmente São Luís do Maranhão), Candomblé-de-caboclo (faixa litorânea, da Bahia ao Maranhão), Catimbó (Nordeste), Batuque (região meridional — Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), Babaçuê (região setentrionaL — Amazonas, Pará e Maranhão), Macumba (Rio de Janeiro e São Paulo).

CANELA-PRETAOcotea catharinensis Mez. Também chamada Pau-de-Sant'Ana. Árvore da flora brasileira ameaçada de extinção do ecossistema da Mata Atlântica. Sua casca tem propriedades medicinais, principalmente como adstringente, em problemas digestivos. Muito empregada para banhos e defumações de limpeza, bem como no preparo de amuletos.

CANGERÊ — Reunião de pessoas para rituais de religiões africanistas, ou o local onde se dá tal reunião. Também pode significar trabalho com fundo de feitiçaria visando fazer mal a alguém.

CANGOMA — Tambor pequeno (do quimbundo, ngoma, em sua forma diminutiva, kangoma).

CAÔ BECILHÊ, CAÔ CABECILE, KAÔ (idem) — Saudação iorubana a Xangô: Kawô Kabiecile!, onde Ka (permita-nos); (olhar para); Ka biyê si (Sua Alteza Real); le (complemento de cumprimento a um chefe) — Permita-nos olhar para Vossa Alteza Real!

CAPANGUEIRO — Termo usado no sentido de companheiro.

CARAJURUArrabidaea chica. Também chamada chica, cipó-cruz, paripari, guajuru. Planta de propriedades medicinais, usada como adstringente, antidiabética, antiinflamatória, cicatrizante, desinfetante, emoliente, expectorante, fortificante. Possui grandes propriedades mágicas, muito empregadas em diversos tipos de trabalhos.

CARICÓ — Templo, Terreiro. Também pode significar gira.

CARMA/KARMA — Termo originário do sânscrito, que significa “ação”. Nas filosofias orientais, o conjunto das ações dos homens e suas conseqüências. Estabelecido nas doutrinas espiritualistas como equivalente da lei de causa e efeito; também chamado de: lei de ação e reação, lei do retorno, lei da causalidade.

CARREGADO — Indivíduo que está sendo vítima de vibrações espirituais nocivas. Normalmente, sente um mal estar inexplicável e sintomas físicos inespecíficos. Portadores de algum grau de sensibilidade mediúnica conseguem identificar a presença dessas vibrações.

CARTOLA — Médico (medicina tradicional).

CARURU — Várias espécies do gênero Amaranthus. Algumas variedades são comestíveis. Planta medicinal (digestiva, diurética) muito conhecida e de grande uso nos terreiros.

CASA BRANCA — Hospital.

CASA DAS ALMAS — Pequeno cômodo do terreiro destinado aos Pretos Velhos e aos fundamentos das almas. 

CASA DE GRADE — Cadeia.

CASA DE MINAS — É o nome como se denominam os terreiros em alguns pontos do Norte e Nordeste do Brasil.

CASA LIMPA — Templo livre de más influências e de demandas.

CASEBRE — Além de designar casa pobre ou rancho, pode também significar o lugar destinado para os trabalhos de terreiro.

CASSAIÚAristolochia cymbifera. Também conhecida como cassaú, cipó-mata-cobra, jarro-do-diabo, mil-homens, papo-de-peru. Planta medicinal (anestésica, antiespasmódica, antiinflamatória) muito usada para banhos e defumações, por seu grande valor como dispersador de fluidos nocivos.

CATIMBAU — Cachimbo velho, tosco. Também sinônimo de catimbó (vd.), querendo significar prática de feitiçaria.

CATIMBÓ — Termo popular no Nordeste do Brasil. Pode significar terreiro onde baixam caboclos (vd.) ou prática de magia negra.

CATIMBOZEIRO — Termo para chefe de catimbó, no sentido de feiticeiro.

CAUÍZA/GAUÍZA — Palavra de significado pouco esclarecido, encontrada com freqüência em alguns cânticos de Umbanda e Candomblé; pode-se deduzir que se trata de um dos nomes de Oxóssi.

CAVALO — Médium dos Guias na Umbanda. O mesmo que aparelho.

CAZUÁ/ CANZUÁ — Terreiro, templo, local de referência. Também pode significar “casa” (do quimbundo, nzua, cabana).

CERA DOS TRÊS REINOS — Produto composto de cera de carnaúba, cera de abelha e parafina, representando os reinos vegetal, animal e mineral.

CHAKRA — “Roda”, em sânscrito. Chacras são centros energéticos do corpo humano, também chamados de vórtices ou centros de força. Instalados no perispírito (vd.), localizam-se em pontos específicos; ligam-se ao corpo físico através dos gânglios e plexos nervosos. O tamanho e a dinâmica desses discos variam de acordo com a condição evolutiva espiritual de cada indivíduo. Absorvem energias do ambiente para o corpo físico, funcionando como acumuladores e distribuidores de energia.

CHEFE DE CABEÇA — Entidade Guia chefe do médium. 

CHEFE DE FALANGE — Entidade espiritual de hierarquia imediatamente inferior ao chefe de legião (vd.). Não se manifesta, diretamente, através de incorporação.

CHEFE DE LEGIÃO — Entidade de grande evolução espiritual, é líder de uma legião (vd.). Não se manifesta, diretamente, mediante incorporação.

CHEFE DE TERREIRO — O mesmo que dirigente espiritual.

CHOQUE DE RETORNO — Ação de voltarem as más vibrações de um feitiço que não produziu o efeito desejado contra seu destinatário. Nesse caso, acaba sendo atingido, de alguma forma, quem o fez ou encomendou. Isso não acontece como um castigo: trata-se de um princípio básico das leis da Natureza: para todo efeito, existe uma causa.

CHUMBADO — É quando uma pessoa é alcançada por uma carga fluídica negativa, ou seja, uma espécie de enfeitiçamento produzido por trabalho de magia negra.

CINDA — Um dos nomes do orixá Oxum (do quicongo Nsinda).

CLARIVIDÊNCIA — Faculdade de ver sem o auxílio dos órgãos da visão. Refere-se à percepção de imagens no momento presente, diferentemente da pré-cognição ou premonição (imagens que prenunciam um evento futuro) ou da psicometria (imagens referentes ao passado alheio ou relativas ao passado de algum objeto, ambiente ou situação).

COISA FEITA — trabalho feito para levar o mal a alguém, despacho maléfico, feitiço, bruxaria.

COMADRE — Uma das formas pelas quais podem ser chamadas as Pombas Giras.

COMIDA DE SANTO — Comida ritual votiva de um Orixá, também chamada de Amalá; oferenda comum nos terreiros dos cultos africanistas (nação) e em alguns terreiros de Umbanda.

COMPADRE — Um dos termos usados para chamar os Exús. Alguns autores entendem que esse termo qualifica exus de grau evolutivo menor.

CONDENSADOR FLUÍDICO — Material (sólido ou líquido) que tem a capacidade de concentrar, acumular, aumentar e manipular fluidos eletromagnéticos.

CONFIRMAÇÃO — Cerimônia integrante do processo de iniciação dos médiuns no trabalho do terreiro; segue um roteiro previamente estabelecido pelas entidades dirigentes da casa e contempla aqueles que já foram submetidos ao Batismo (vd.)

CONGÁ, CONGAR — Pegi. Altar disposto em local de destaque no terreiro. Atraindo para si a atenção e a concentração de trabalhadores e consulentes, funciona como um transformador de energias: direciona para si todas as variedades de pensamentos positivos e negativos que pairam sobre o terreiro, condensa essas energias, depura/escoa as negativas e amplia/distribui as positivas. Importantíssimo na sustentação da egrégora (vd.), alimenta e protege energeticamente os trabalhos.

CONGO — País do centro-oeste da África. Origem de uma infinidade de negros trazidos ao Brasil como escravos. O Povo do Congo forma uma das vertentes de trabalho dos Pretos Velhos.

CONSAGRAÇÃO — Cerimônia integrante do processo de iniciação dos médiuns no trabalho do terreiro; segue um roteiro previamente estabelecido pelas entidades dirigentes da casa.

CORDÃO FLUÍDICO — Conduto energético que liga o perispírito (vd.) e, conseqüentemente o espírito ao corpo físico, quando dos desdobramentos; também chamado de cordão astral, cordão fluídico, cordão de luz, fio de prata, cordão perispirítico. Assim, o corpo material fica ligado por tal cordão ao seu espírito, que então se desprende para interagir no mundo espiritual durante o período de sono.

CORPO ASTRAL — Sinônimo de perispírito (vd.).

CORPO LIMPO — Condição do médium que tenha tomado determinados cuidados com seu corpo físico para participar do trabalho espiritual: abstinência de álcool/ carnes/atividade sexual; alguns terreiros vedam a participação das médiuns no período menstrual; banhos de descarga, etc.

COSME E DAMIÃO — Santos católicos, irmãos gêmeos. Sincretizados na Umbanda com Ibeji (vd.).

CRAVODianthus caryophyllus. Flor do craveiro, utilizado em banhos de descarga, bem como em defumações e outros trabalhos de terreiro.

CRIANÇAS — Designação dos Guias de uma das três formas de apresentação na Umbanda (vd. Triângulo Fluídico). Alguns autores estabelecem as Crianças como uma linha de trabalho (vd.). Compõem um conjunto de espíritos que atuam dentro da linha de Yori. Não se trata de espíritos de pessoas que morreram na infância: são entidades de altíssima evolução moral que assim se apresentam para simbolizar o primeiro período da existência humana e a inocência, a pureza e a alegria que os homens devem procurar dentro de si e externalizar em benefício próprio e de seus semelhantes.

CRUZAMENTO — Imantação, fixação de forças. Pode ser aplicado a objetos (guias, patuás) mediante o ritual específico de cruzamento feito pelo sacerdote. O cruzamento do terreiro, por sua vez, faz parte do ritual de abertura dos trabalhos. Alguns terreiros promovem o cruzamento do médium, com cruzes feitas com a pemba em vários locais de seu corpo, durante o processo de iniciação.

CUIPEÚNATibouchina mutabilis. Também conhecida como manacá-da-serra, flor-de-quaresma. Árvore muito comum na região de mata atlântica. Suas flores são muito usadas em trabalhos, em banhos e defumações.

CURIADORES — Nome dado às bebidas (não necessariamente alcoólicas) que são utilizadas por entidades espirituais com finalidades magísticas. Alguns terreiros não utilizam bebidas alcoólicas dessa maneira, outros não se utilizam desse termo; outros, por sua vez, utilizam os curiadores no cotidiano com a conotação dos cultos de Nação (bebidas de preferência de cada orixá para uso ritualístico).

CURIMA — Trabalho, atividade laborativa (do quimbundo kudima, trabalhar na lavoura, cultivar).

CURIMAR — Cantar (do quimbundo kuima, cantar) ou trabalhar (do quimbundo kudima, trabalhar na lavoura).

CURIMBA — Música. Conjunto de instrumentos musicais do terreiro, ou seus cantores (do quimbundo kuimba, cantar).

CURIMBAR — Cantar (vd. curimba).

Um comentário:

  1. Caro irmão(ã)

    Saudações na fé de nosso pai Oxalá! maravilhoso blog, parabéns!!! Gostaria de convidar a você a participar da divulgação da Caminhada pela Tolerância Religiosa, Eu tenho fé, que será realizada dia 21/09 às 9hs da manhã na Praia de Copacabana (concentração no Leme). Com esse movimento, visamos mostrar nossa união e que não queremos o mal de ninguém afinal umbanda é amor e caridade e não o que muitos irmãos de outros credos religiosos querem passar para a sociedade. Juntos somos mais fortes, juntos somos irmãos. perante a CF nenhum credo religioso deve ser desprezado ou atacado - O Brasil tem Liberdade de Culto, é um país laico, mas esse direito, conquistado por nós brasileiros à duras penas vem sendo atacado e desrespeitado. Portanto, o convido a visitar meu blog e se quiser esteja à vontade para reproduzir o texto que eu publiquei lá. Basta seguir o link. http://nequidnimis.wordpress.com/2008/08/25/tolerancia-religiosa-eu-tenho-fe/
    O convido também a se cadastrar no site da caminhada http://www.eutenhofe.org.br - e a divulgar a caminhada para nossos irmãos. Um andorinha só não faz verão, juntos somos mais fortes, juntos somos mais irmãos.
    Conte comigo!
    Axé!!!
    Semíramis Alencar

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