quinta-feira, 2 de abril de 2009

Origens da Umbanda – parte 2

Agora, retomando a questão “hora certa, lugar certo”, precisamos considerar o fator tempo: é hora de me preparar para a provável chuva de pedras e declarar que defendo a seguinte idéia: a Umbanda é uma religião brasileira.

Quanto a tratar-se de uma religião (e não uma seita ou crença, como querem alguns), segundo o Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda, religião “é um sistema de crenças e práticas relativas a coisas sagradas que unem em uma mesma comunidade (…) todos os que a ela aderem”. A partir dessa definição, pode-se afirmar que a Umbanda é uma religião.

Quanto a ser brasileira... sim, eu sei: sei que muitos discordam, que muitos afirmam que ela veio da África, que o fenômeno do sincretismo religioso foi fundamental em suas origens, que o culto aos elementos da natureza teve grande importância na estruturação da Umbanda, além de muitos outros argumentos que não ouso contestar. Entretanto, foi somente no Brasil que ocorreu o surpreendente amálgama de paradigmas e crenças que lhe deram origem – sem esquecer que, contribuindo para o surgimento de um sistema de fundamentos e práticas com características próprias, houve não apenas o enlace de elementos (devocionais, conceituais, litúrgicos...) cedidos pelo Catolicismo e pelas religiões africanas, mas também a participação de influências do Espiritismo (intercâmbio com entidades desencarnadas dentro da prática da caridade), de religiões orientais espiritualistas (conceitos de karma, reencarnação, evolução moral do espírito) e das práticas religiosas indígenas (as pajelanças, por exemplo, unindo o exercício do sacerdócio e a cura das enfermidades).

Assim, no meu modesto entendimento, a Umbanda – assim, com essa cara, essa identidade particular – surgiu foi aqui, num dos únicos lugares do mundo (senão o único), em que poderiam se somar tantas contribuições, tão ricas e distintas, trazidas pelos diferentes elementos constituintes do povo brasileiro e suas heranças. A julgar por esse prisma, não deixa de ser uma bela imagem para pensarmos em Universalismo, não é verdade?

Oportunamente, a parte 3 deste post fará algumas (humildes) considerações sobre a tese que afirma que o surgimento da Umbanda foi ainda mais antigo… muito mais antigo…

Saudações a todos!

3 comentários:

Unknown disse...

Minha cara,
Tanto a Umbanda quanto o Candomblé são religiões Brasileiras sim, justamente por terem sido formadas neste solo.Muito errado está quem pensa o contrário.Principalmente sobre a Umbanda, já que não existe registro algum do uso deste vocábulo para designar rito ou religião alguma.
O que os africanistas tentam usar são vocábulos de dialetos africanos que possuem a mesma sonoridade, mas que não possuem em nada algo ligado a estruturação de uma religião ou rito.
A Umbanda é brasileira, o nome , o rito doutrina e fundamentos foram dados pelo Cab Das Sete Encruzilhadas.
O que falta é mais estudo e pesquisa sobre o assunto.

escrevo um blog junto com o Renato guimarães sobre o assunto, pra quem estiver interessado:

registrosdeumbanda.wordpress.com

Pedro Kritski.

Estela disse...

Olá, Pedro, tudo bem?
Obrigada pela visita e pelo comentário!
Estive visitando seu blog; muito interessante! Como eu costumo dizer, médium de Umbanda não pode deixar o estudo de lado; particularmente, gosto muito do livro de Leal de Souza.
Abração fraterno, pra você e para o Renato!

BIG DIPPER MARITIME SERVICES disse...

Não tenho tanta certeza até que ponto, Umbanda nasceu aqui no Brasil ou Kardec foi o que descobriu Espirito. Afinal este ponto de vista é feito por uma maioria quém ate então pouco conheciam algo além da Biblia. Mas com certeza sabemos que as duas fontes de explicação "De onde viemos e aonde iremos", para o occidente, a Umbanda e o Kardecismo fizeram jus a escuridão posto pelo Roma há seculos.
Uma hipotese que a Umbanda, se não nasceu, renasceu aqui no Brasil. Achei traços de Umbanda nos planices de Chad, interior de Congo, Uganda e Angola, que corresponde a sua passagem desde Oriente, mas em forma muito fragmentado. Foi aqui no Brasil, que ele pegou corpo e alma, mesmo sendo diluido com sincretização Cristã. Espero que na hora certa, receberão a ordem das Orixas, de de-sincretização. Não há como conviver eternamente com uma crença que se limita com a morte.

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