quarta-feira, 15 de abril de 2009

Primavera, Verão, Outono, Inverno… e Primavera

Assisti a esse filme coreano duas vezes… na verdade, em ambas as ocasiões perdi o começo… rsrs. Foi na TV por assinatura, mas já encomendei o DVD. Apesar desta ótima sinopse num site especializado, posso adiantar que o filme se passa em um pequeno monastério flutuante sobre um lago, onde vivem um velho monge e seu jovem aprendiz. Enquanto o menino cresce, explora os arredores e deixa-se levar por seus impulsos. 

Porém, o mestre sempre está pronto para ensinar suas lições, e mostra para o garoto que as consequências de pequenos atos podem durar a vida toda. Cada estação do ano mencionada no título representa um lindo paralelo em relação ao desenvolvimento espiritual e emocional do jovem monge. Se a primavera caracteriza esse registro de infância, o verão apresenta a explosão da vitalidade e a descoberta da paixão. O outono nos mostra os frutos (nem sempre doces) dessa mesma paixão, e o inverno trata da vida após a colheita. Mas, como diria José de Alencar, “tudo passa sobre a terra”, e chega uma nova primavera para fechar o filme e renovar o ciclo da vida. É uma obra repleta de metáforas, belíssima, e que nos traz o conceito budista da “roda da vida”, a sucessão de experiências pelas quais precisamos passar, na existência terrena, para nossa ascensão espiritual.

O que esse filme tem a ver com meu desenvolvimento mediúnico?

Bem, já mencionei a incompatibilidade entre meus horários de trabalho e o horário dos trabalhos de desenvolvimento. Nunca pensei em desistir: apenas tentava resolver a questão profissional.

Enquanto isso, os meses se foram. Hoje, olho para trás e me pego recordando como foi essa passagem de tempo. A Casa nas noites de calor, as chuvas, os temporais… o vento frio das noites de inverno (e como o aconchego do abaçá parece diminuir o frio…). Frequentadores que começaram a aparecer, outros que sumiram, outros que levaram seus filhos pra batizar. As datas festivas. O recesso de fim de ano. O sistema de som que pifou. É mais ou menos como as sensações que experimentamos a cada vez que voltamos à casa da nossa família, depois que crescemos e ganhamos o mundão, um misto de carinho e nostalgia.

Em paralelo, também penso em como eu tenho me transformado. Como tenho me sentido feliz e em paz, um pouco (pouquinho) menos rabugenta, um pouquinho (pouquíssimo) mais paciente. Penso em como um dia, depois de uma faringite, resolvi ficar sem fumar enquanto pudesse aguentar, e isso já dura sete meses; também penso que, nesse mesmo dia, achei que era melhor deixar de comer carne. Na verdade, não resolvi nem achei coisa nenhuma: da forma como a coisa foi abrupta e definitiva (um dia, ainda conto minhas aventuras no mundo vegetariano e não-fumante), acho mesmo é que a Espiritualidade apertou algum botão, e entrei no modo “carne-off”, “cigarro-off”.

Não, não tô virando santa, não. Muito pelo contrário: sempre peço, em oração, pra resmungar menos, pra criar vergonha e cuidar melhor da saúde, pra me descabelar menos no trânsito, pra dar um jeito nesse orgulho pavoroso… O que quero dizer é que, mesmo com esses cacarecos, estou lutando pra melhorar, pra incomodar menos, pra pesar menos na contabilidade terrestre. Acho que, nesse processo, ter encontrado a Umbanda é um diferencial indiscutível, então é muito natural a sensação de “fim de semana na casa dos pais” a cada gira.

Tudo tem seu tempo certo; esperar pela oportunidade de iniciar meu desenvolvimento me trouxe a chance de estudar, de amadurecer… e também de me afeiçoar à Casa com um amor que só a casa da gente desperta.

4 comentários:

Lenon Veronese disse...

Oi Estela.
Vou ver se consigo ver esse filme. Pareceu bem interessante.

Legal tua história, o mais legal é se identificar com algumas partes dela. Tentei largar a carne um tempo, mas não achei nenhum argumento tão bom para isso. Acho interessante sim não abusar e comer com muita moderação, mesmo porque acredito (e li em algum lugar) que essas carnes industrializadas carregam uma signicante dose de negatividade devido ao sofrimento do animal e tudo mais. Mas o nosso organismo por mais que digam precisa sim das proteínas da carne e nada siubstitui isso.

abraco! estou de olho! hehehe

Estela disse...

Lenon, e aí, tudo ok?

Olha, acho que deixar de lado a carne, ou o cigarro, ou a cervejinha e coisas assim requer uma certeza cristalina, cada um deve escolher de acordo com seu momento interno (ou um click da Espiritualidade, como foi meu caso).
O filme é bacana, sim - meio contemplativo, mas é um dos meus favoritos.
Abração!

Propheta disse...

estou no nos primeiros passos da incorporação e com uma vida de experiências que se manifestam na persona do Papai Velho, acabo de fechar meu ciclo de pesquisas na internet, após minha primeira experiência de incorporação, lendo seu depoimento, o qual foi conclusivo par amim.

Axé, povo de Aruanda.

Estela disse...

Oi, Propheta!

Que bênção maravilhosa! Espero que sua jornada seja sempre repleta da luz e do amor dos Orixás. Que o caminho esteja sempre protegido pela força das Sete Linhas a resguardar sua coroa!

Abraço fraterno!

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