segunda-feira, 6 de julho de 2009

“A Umbanda é linda…

...tão linda é

quando seus filhos são filhos de fé…”

(Ponto cantado)

É impossível não reconhecer o quanto a Umbanda é linda. É lindo acompanhar um ponto cantado de peito aberto; é lindo ver uma entidade de luz fazendo gestos no ar, manipulando energias que você não vê; é lindo descobrir coisas novas sobre você com o auxílio do “scan” de um Guia... Contudo, acredito que uma das jóias mais preciosas desse tesouro que nosso Pai nos legou consiste em encontrar, diante de você, um ser – hoje iluminado – que já trilhou os caminhos em que você se encontra hoje. Uma criatura que lhe dá o amparo necessário pra você secar suas lágrimas, porque já chorou pelos mesmos sofrimentos – e que hoje já não chora mais, porque os transcendeu e garante que você pode fazer o mesmo. Talvez possam dizer que o exemplo de nosso amado Mestre Jesus já seria o bastante, mas acho que muitos de nós ainda se encontram (me incluo aí) num estágio evolutivo que também necessita ver, ouvir, vivenciar essa experiência concretamente.

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quinta-feira, 2 de julho de 2009

O Super-herói Americano

Believe it or not,
I’m walking on air,
I never thought I could feel so free,
Flying away on a wing and a prayer,
Who could it be?
Believe it or not, its just me...

(Acredite ou não
Estou andando no ar
Nunca pensei que pudesse me sentir tão livre.
Voando por aí sobre uma asa e uma prece.
Quem poderia ser?
Acredite ou não, sou apenas eu... )

(“Belive it or Not”, composta por Mike Post e interpretada por Stephen Geyer, música-tema de “O Super-Herói Americano”)

Muita gente deve se lembrar desse seriado, meio-brega-meio-cult, exibido no Brasil nos anos 80. Pra quem não viu, ou não se lembra, contava a história do professor de adolescentes Ralf Hinckley. Num determinado momento da vida, ele vivia um período de verdadeiro infrerno astral, quando, de repente: tcha-tchaaaaam! Um alienígena lhe dá uma roupa de super-herói, dotada de super-poderes, para defender a humanidade. Acontece que, no caminho pra casa, ele perde o manual de instruções (pois é, a roupitcha vinha com manual): e agora?

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Trabalho na mata: eu fui!

Então, numa dessas noites de quarta-feira, lá estava eu, assistindo a mais uma aula sobre doutrina de Umbanda. Tudo dentro da rotina, da paz… e da sensação emocionante de fazer parte de uma escola de skydiving – rsrs…

Terminada a aula, às vezes recebemos alguns recados antes de subir ao abaçá. Desta vez, foi um dos nossos Pais-de-Santo que veio para falar sobre o próximo trabalho na mata, programado para a semana seguinte. Qual não foi a minha surpresa, quando ele anunciou que – ao contrário dos demais trabalhos, sempre reservados aos médiuns - desta vez seria diferente: a Espiritualidade dera permissão para que nós, “o pessoal do desenvolvimento mediúnico”, também pudesse participar. Fiquei feito criança que ganha bicicleta no Natal!  Onde vamos? Como é que funciona? O que precisa levar? Vamos poder receber nossas entidades? Ah, quantas perguntas cabem na cabeça de quem não sabe nada… Fomos orientados sobre o local, o horário e as obrigações que teríamos que cumprir em casa, precedendo a saída. Subi ao abaçá mais animada que de costume; mal podia esperar…

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quarta-feira, 1 de julho de 2009

Glossário V – Z / Fontes

V

VAMPIRISMO — Espécie de grave “parasitismo espiritual”. Nas palavras do autor espírita J. Herculano Pires,

... é a atuação consciente de um ser sobre outro, para deformar-lhe os sentimentos e as idéias, conturbar-lhe a mente e levá-lo a práticas e atitudes contrárias ao seu equilíbrio orgânico e psíquico. No parasitismo, mesmo no espiritual, há uma tendência de acomodação do parasita na vítima. A lei é a mesma do parasitismo vegetal e animal. A entidade espiritual parasitária procura ajustar-se ao parasitado, na posição de uma subpersonalidade afim. Ambos vivem em sintonia, mas o parasita às custas das energias do parasitado, cujo desgaste naturalmente aumenta de maneira progressiva.

A ligação fluídica, de natureza hipnótica, que o indivíduo parasita (encarnado ou não) exerce sobre o parasitado (que, igualmente, pode ser encarnado ou não), permite-lhe fruir das energias de sua vítima; mas esta, por sua vez, sofre o processo de vampirização apenas se demonstrar deficiências morais que caracterizem afinidade vibratória com o “vampiro”.

VELAME-DO-CAMPOCroton campestris. Também croton-campestre, alcanforeira, flor de babado, jalapa-do-campo. Planta medicinal (depurativa, desobstruente, diurética, etc). Suas sementes produzem óleo comestível. Muito usada em defumações e banhos.

VERBENAVerbena officinalis Linne. Conhecida também como erva-de-ferro, urgebão, planta-da-sorte, erva-de-fígado. Planta de uso medicinal (efeito adstringente, afrodisíaco, analgésico local, hepato-protetor). Segundo consta, auxilia no desenvolvimento da vidência, sendo as suas flores muito usadas para esse fim.

VIBRAÇÃO — Conceito da Física, definido como o movimento de um ponto oscilando em torno de um ponto de referência. Esse movimento pode ser analisado sob diversos parâmetros (amplitude, frequência, direção, etc). A atividade cerebral consiste na emissão de ondas eletromagnéticas, que produzem vibrações de diferentes padrões, de acordo com a natureza dessa mesma atividade. Uma das formas de observação desses padrões se dá através do conteúdo de pensamentos e sentimentos: acredita-se que pensamentos de conteúdo moral mais elevado produzam vibrações de frequência mais alta, em relação a pensamentos negativos e carregados de raiva ou pesar. Assim, através da maneira de viver, do comportamento, do conteúdo do discurso, da qualidade dos pensamentos e sentimentos, forma-se uma faixa ou padrão vibratório característico do indivíduo. Os demais fenômenos da natureza produzem, igualmente, diferentes vibrações. Dessa forma, a vibração liberada pelas ervas da defumação afeta o meio circundante, as vibrações dos pontos cantados (vd.) produzem seus efeitos, etc.

VIDÊNCIA — Modalidade mediúnica em que o médium pode ver objetos, ambientes e entidades do mundo espiritual. A visão se dá através de seu próprio espírito e não dos órgãos da visão, o que explica a ocorrência do fenômeno mesmo que o médium esteja com seus olhos fechados.

VIDENTE — Médium dotado da mediunidade de vidência (vd.).

VIONGA — Concha ou búzio, utilizado na confecção de adornos e de guias; provavelmente, do dialeto quicongo vyonga (belo, reluzente).

VISAGEM — “Aparição”. Materialização de um espírito através da alteração de seu estado fluídico.

VISÃO — Vd. visagem.

VISITAÇÃO — Incorporação (vd.).

VODUNS — Divindades cultuadas na nação Jeje (fon), assim como os Orixás iorubanos.

 

X

XANGÔ — Orixá iorubano, senhor da justiça, do fogo, do raio e do trovão. Ligado às questões da razão, do conhecimento e do intelecto, tem as pedreiras como seu ponto de força e vibração . Sincretizado no Catolicismo com São Jerônimo e São João Batista. Algumas de suas qualidades (vd.): Xangô Abomi, Xangô-Agodô, Xangô-Aganju, Xangô-Alafin, Xangô-Caô.

XERÊ — “Chocalho de Xangô”. Instrumento musical associado a Xangô, com cabo alongado e caixa metálica de ressonância arredondada, lembrando o xerê original africano, feito de cabaça (vd.). Utilizado em assentamentos de Xangô e tocado em cultos de nação para chamar o Orixá.

XIRÊ — Termo proveniente do iorubá, com significado de “brincar”, “dançar”. “Festa” de Orixá, que ocorre no terreiro (nação).

 

Z

ZÂMBI — De Nzambi, Ser Supremo. Divindade maior dos cultos bantos, equivalente a Olorum (vd.).

ZEBRINA — Vd. Espada-de-Ogum.

ZIMBO — Búzio pequeno, antigamente utilizado como moeda em quase toda a costa ocidental africana. Do dialeto quimbundo, njimbu, búzio.

ZIMBRO Juniperus communis L. Conhecido como fruto-de-genebra, junípero. Árvore de propriedades medicinais (adstringente, antimicrobiana, anti-séptica, carminativa, digestiva, diurética) mas potencialmente tóxica (principalmente contra os rins). Planta dotada de grandes propriedades mágicas, empregada em trabalhos espirituais, banhos e defumações.

ZOABASauvagesia erecta. Planta conhecida como erva-de-São-Martinho, tem propriedades medicinais (anti-térmica; contra doenças digestivas, urinárias e respiratórias). Muito usada em trabalhos, banhos e defumações.

 

FONTES:

Sites/ blogs

http://pombagiras.blogspot.com/2008/09/pombagira-cigana-menina-do-cruzeiro-das.html

Livros

  • Umbanda A Caminho da Luz, Paulo Newton de Almeida, Editora Pallas. ISBN 8534703574
  • Dicionário da Umbanda, Altair Pinto, Editora Eco. ISBN não obtido
  • Umbanda de Todos Nós, W. W. da Matta e Silva, Ícone Editora. ISBN 9788527410274
  • Novo Dicionário Banto do Brasil, Nei Lopes, Editora Pallas. ISBN 8534703485
  • Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana, Nei Lopes, Selo Negro Edições (Grupo Summus Editorial).  ISBN 9788587478214
  • Enciclopédia Agrícola Brasileira, vários autores. Redação: Julio Seabra Inglez Souza. Esalq — Escola Superior De Agricultura Luiz De Queiroz (ISBN não obtido)
  • Vampirismo, J. Herculano Pires, Editora Paideia (ISBN não obtido)
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terça-feira, 30 de junho de 2009

Glossário S - U

S

— Senhora, dona. Termo derivado da contração de “senhora” em “sinhá” e, posteriormente, “sá”.

SABEÍSMO — Religião dos sabeus, do antigo reino de Sabá (atual Iêmen). Pouco se sabe sobre ela, além de que, provavelmente, tratava-se de uma forma de culto à natureza, de caráter monoteísta (o Alcorão cita os sabeus três vezes, e os apresenta como praticantes do monoteísmo — embora talvez considerassem divindades “menores”). Para alguns autores, a Umbanda é herdeira de alguns elementos do sabeísmo, como a origem do termo saravá (vd.).

SACUDIMENTO — Ato de realizar limpeza energética do terreiro e/ou de seus filhos. Descarrego.

SALAMANDRAS — Seres da natureza (vd.), ligadas ao elemento (vd.) fogo. Também atuam no plano emocional, bloqueando vibrações negativas. Os espíritos superiores as utilizam como transmutadores de energia, tanto para a limpeza quanto para a destruição de bases e laboratórios das trevas e para queimar objetos e formas-pensamento (vd.) originados da magia negra.

SALUBÁ/ SALUBA — Saudação iorubana a Nanã.

SANANDU — Vd. mulungu.

SANGUE-DE-ADÃOEuphorbia pulcherrima. Planta medicinal também conhecida pelo nome de bico-de-papagaio. Muito empregada em trabalhos de terreiro.

SARAVÁ — Saudação umbandista que corresponde a Salve! Viva! Salve, irmão! Alguns acreditam que se trate de uma corruptela do verbo salvar (“salavar”); outros declaram que é uma expressão antiquíssima, resgatada após milênios de esquecimento através do início da Umbanda no Brasil. Segundo essa vertente, saravá consiste num mantra (vd.) composto pelos elementos: SA — (força, Senhor) — RA— (reinar, movimento) — VA (natureza, energia): força que movimenta a natureza, podendo ser utilizada para saudação ou para invocação de um Guia ou Orixá.

SEREIAS — Seres da natureza (vd.), ligados diretamente às profundezas das águas salgadas. Trabalham na limpeza da aura e de regiões astrais poluídas por energias negativas. 2. Seres da mitologia grega, parte mulher, parte peixe. Simbolizavam o fascínio e o perigo oculto na beleza e na sensualidade. Atraíam tripulantes dos navios que cruzavam os mares, através de sua beleza e de seu canto hipnótico, até que os navios colidissem nas rochas e afundassem.

SERES DA NATUREZA — Todos os reinos da natureza são povoados por seres vivos imateriais, que vivificam e guardam essas dimensões vibratórias que constituem seu habitat. São chamados por alguns autores de “espíritos da natureza” ou elementais (vd.). Optamos pelo termo “seres da natureza” para evitar polêmica com a diferenciação entre elementais e elementares (vd.). Os seres da natureza (ou seres dos Elementos) são espíritos que contribuem em favor do desenvolvimento dos recursos da Natureza, de grau evolutivo variável; alguns já têm ou tiveram existência corpórea, ou encarnatória (não humana), mas a maioria trabalha na condição de auxiliares daqueles que presidem às manifestações da Natureza, responsáveis por inúmeros fenômenos ou contribuindo para sua ocorrência. Na Umbanda, são reconhecidos: (vd.) silfos/sílfides; ondinas/ninfas; fadas; salamandras; duendes/gnomos/avissais. São conhecidos desde a Antiguidade; países não latinos da Europa, sobretudo os nórdicos, tiveram suas sagas literárias povoadas por relatos sobre gnomos, fadas, silfos, etc — e de suas relações com mortais. Entre nós, reconhecemos sua existência no folclore indígena como os saci-pererês, iaras, boitatás, caiporas, e outros espíritos protetores da natureza.

SESSÃO DE UMBANDA — Vd. gira.

SETE-CHAGASTropaeolum majus. Planta conhecida pela denominação de chagas-de-São-Sebastião, capuchinha grande, flor-das-chagas. Muito empregada em terreiros para desmanchar trabalhos.

SÍLFIDES/SILFOS — Seres da natureza (vd.). Ligados aos céus, à purificação do ar. Constituídos de uma substância etérea, não mantêm forma definida. Auxiliam na criação e manutenção de formas-pensamento (vd.) e na estruturação de imagens mentais. Nos trabalhos de ectoplasmia, são auxiliares diretos, quando há a necessidade de reeducação de espíritos endurecidos.

SINCRETISMO – Mistura de doutrinas ou de concepções diferentes. Na Umbanda, refere-se ao fenômeno de identificação dos Orixás com os Santos Católicos durante o período escravagista, como expediente encontrado pelos escravos para escapar da repressão dos brancos contra suas crenças.

SOTAQUE — Especificidade do toque de atabaques.

SUBIR — Desincorporar entidade espiritual.

SUCUPIRA PRETA Bowdichia virgilioides. Também conhecida como sebipira, cutiúba, macanaíba, paricarana, angélica. Planta medicinal (problemas de pele, reumatológicos, inflamatórios) dotada de propriedades mágicas, muito empregada em trabalhos de Umbanda.

 

T

TABA-CARANA — Conhecida como “fumo bravo do Amazonas”: fumo derivado das folhas da planta Polygonum hispidum, erva abundante na região amazônica. Empregada também em defumações e banhos como dispersador de miasmas psíquicos e para afastar espíritos obsessores.

TAJÁS — Plantas do gênero Caladium, família Araceae; também conhecidas como tinhorões e caládios. Compreendem numerosa variedade de espécies, com uso ornamental, na medicina popular e nos trabalhos de magia. Na região amazônica, plantam-se tajás para defender as residências, e pajés e mesinheiros os utilizam como amuleto.

TASNEIRINHA Senecio vulgaris. Planta daninha, conhecida também como cardo morto, margaridinha, flor das almas, erva-fome. Dotada de propriedades mágicas, muito empregada também em medicina (adstringente, cicatrizante, emoliente), requer cuidado na utilização (potencialmente tóxica).

TATA — Chefe de terreiro, grão-sacerdote dos cultos bantos. Do quimbundo, tata: pai.

TATÁ — Espírito protetor; em cultos muito antigos, uma espécie de espírito de altíssima evolução, comparável à alta hierarquia angélica.

TATA DE INKISE— Chefe de Terreiro, babalaô, pai-de-santo. Vd. Inkise.

TERREIRO — Tenda, cabana, centro, templo: local de culto umbandista.

TIRAR O PONTO — O mesmo que cantar o ponto (vd. ponto cantado).

TOMADO — Indivíduo mediunizado, sob transe mediúnico.

TOMAR — Receber o Guia ou outro espírito, através da mediunidade de incorporação.

TRABALHO — Nome genérico dado às oferendas e obrigações (vd.) dos cultos do Candomblé, da Umbanda e da Quimbanda. Em alguns locais, recebe o nome de despacho.

TRANCA-PORTEIRABumelia sartorum. Quixadeira, sacutiaba, quixaba. Planta medicinal (tônica, adstringente, antidiabética, antidisentérica), dotada de propriedades mágicas e muito utilizada em trabalhos.

TRANSE — Estado de inconsciência ou semiconsciência em que se verificam diversos fenômenos psíquicos ou mediúnicos.

TREVO — Vegetal do gênero Trifolium, dotado de propriedades medicinais (problemas respiratórios, dermatológicos, etc); detentor de propriedades mágicas.

TRIANGULO FLUÍDICO — Representação dos três aspectos em que a Umbanda trabalha — seja no mundo astral, seja no mundo da forma (maneira pela qual as Entidades se manifestam neste planeta). Os Guias (vd.) manifestam-se, então, através de uma dessas formas, de acordo com sua afinidade vibratória ou atendendo a uma determinada necessidade estabelecida pela Espiritualidade Superior. O triângulo simboliza a Vontade, a Atividade e a Sabedoria dos Orixás. Também representa as três fases da vida — a criança, o adulto e o velho — mostrando as transformações do homem ao longo da existência. Além disso, ilustram arquétipos (vd.) de pureza e alegria na Criança; simplicidade e fortaleza no Caboclo e a sabedoria e humildade dos Pretos-velhos, mostrando o caminho para a evolução espiritual da humanidade.

TRONQUEIRA – Ponto junto à entrada de um terreiro, onde fica assentado o Exu; sua função é impedir a aproximação de forças místicas ou materiais negativas que possam desequilibrar a energia do local. No linguajar do campo, significa os esteios que são colocados nas porteiras, providos de espaços em que são passadas as varas que fecham o acesso. Nesse aspecto, a tronqueira da Umbanda evidencia claramente esse caráter de segurança, de entrada protegida.

TUCUMÃ Astrocaryum aculeatum. Também conhecida como acaiúra, acuiuru, tucum. Palmeira de ocorrência frequente na região amazônica, de valor comercial em virtude de seu palmito e frutos comestíveis, pela madeira, pelo óleo das sementes e pelas folhas, das quais se extrai a chamada fibra de tucum, usada na confecção de cordas. Seu óleo é muito empregado em trabalhos mágicos.

TUIA — Pólvora. Vd fundanga.
TUPÃ — Na crença Guarani, Tupã é o espírito do trovão e da chuva, considerado uma divindade integrante do panteão chefiado por um Criador supremo (Nhande Rú Ete, Nhande Djara, Nhande Rú Vussú, dependendo do sub-grupo guarani). Segundo alguns historiadores, a caracterização de Tupã como Deus Supremo seria uma das conseqüências do processo de catequização dos indígenas pelos jesuítas.

TURÍBULO — Instrumento antiquíssimo, utilizado já na Idade Antiga. Seu nome vem do latim, thuribulum — que, por sua vez, tem origem na palavra grega thus, incenso. Popularizado pela religião Católica, consiste num incensório de metal, sustentado por correntes, com a tampa perfurada. Dentro do turíbulo se colocam brasas de carvão e sobre elas o material que se deseja queimar (ervas, incenso). Na Umbanda, algumas Casas preferem utilizar recipientes de barro, em função da idéia de que o metal pode interferir eletromagneticamente sobre a vibração das ervas, alterando ou reduzindo seus efeitos.

 

U

UBIQÜIDADE — Fenômeno através do qual um espírito pode ser percebido em mais de um lugar ao mesmo tempo, por efeito do seu poder de irradiação. Como cada espírito é indivisível, o que ocorre é a sua irradiação de sua energia em diversas direções. A ubiqüidade é própria de Espíritos de alto grau evolutivo.

UMBANDA CRUZADA — Forma de culto umbandista em que existe o entrelaçamento de dois tipos de trabalhadores: os Guias de Umbanda (Caboclos, Pretos Velhos) e os de Quimbanda (Exus, Pomba Giras, etc.). Alguns autores entendem que se trata da mescla de elementos de Umbanda e Candomblé no mesmo terreiro.

UMBANDA DE CABOCLO — Culto umbandista com influência predominante de elementos rituais indígenas.

UMBANDA TRAÇADA — Vd. Umbanda cruzada.

UMBAÚBA — Árvore do gênero Cecropia, que conta com numerosas espécies. Também conhecida como embaúba, pau-de-lixa, pau-formiga, árvore-da-preguiça. É comum na mata atlântica; seus frutos são consumidos por vários animais silvestres. Possui propriedades medicinais (adstringente, antidiabética, anti-hipertensiva, cardiotônica). Muito usada em vários trabalhos, principalmente para combater a obsessão.

UMBRAL — Termo utilizado para nomear o estado mental (para uns) ou o plano espiritual (para outros) compatível com espíritos que desencarnam e têm débitos morais a saldar, quando se vêem às voltas com o sofrimento causado pelas consequências de suas ações pregressas.

UNHA-DE-VACA — Bauhinia fortificata. Conhecida, também, como bauinia, miroró, mororó, pata de burro, pata de vaca, pé de boi, unha d’anta, unha de veado. Vegetal dotado de propriedades medicinais (antidiarréica, emoliente, vermífuga, estimulante, adstringente), utilizada na Umbanda por possuir propriedades mágicas.

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sábado, 27 de junho de 2009

Glossário P – R

P

PACOVA SOROROCAPhenakospermum guyanense. Planta medicinal cujas sementes podem ser processadas para a utilização de sua resina como vermífugo, além de serem empregadas na confecção de guias e na realização de trabalhos.

PADRINHO — Pode significar Pai-de-Santo ou Chefe de Terreiro, bem como um médium escolhido para apadrinhar um filho-de-fé em seu batismo.

PAI-DE-MESA — Chefe de Terreiro, babalaô.

PAI-DE-SANTO — Também conhecido como Chefe de Terreiro, Zelador de Santo, Pai-no-Santo. Médium masculino que detém a máxima autoridade no terreiro.

PAJÉ — Nas tribos indígenas brasileiras, é o nome dado ao poderoso indivíduo que tem as funções de curandeiro e sacerdote, considerado um intermediário entre a divindade e os homens.

PAJELANÇA — Ritual indígena, promovido pelo pajé (vd.), com o objetivo de curar enfermidades ou resolver problemas que afetem a aldeia. O termo “pajelança cabocla” é utilizado para nomear um ritual de cura praticado no Norte e no Nordeste do Brasil, mesclando elementos da cultura popular, do Catolicismo, de culturas indígenas e de crenças reencarnacionistas.

PARAMENTO — Nome dado às vestimentas utilizadas em cerimônias religiosas.

PARATI — Aguardente, pinga, marafo (vd.).

PARATUDO — Nome popular dado às plantas Gomphrena officinalis e Tabebuia aurea. Ambas têm amplo uso medicinal, justificando seu nome. Quando indicado o uso de paratudo em algum trabalho ou obrigação, recomenda-se a solicitação de maiores esclarecimentos ao Guia que a prescreveu.

PARIETÁRIAParietaria officinalis L. Também chamada erva-de-Nossa-Senhora. Planta muito usada em trabalhos de magia e em medicina popular.

PASSE — Transmissão de fluidos (vd.) de uma pessoa (encarnada e/ou desencarnada) para outra, com a finalidade de beneficiá-la.

PATACORÊ/ PATAKORI OGUN! — Ou, ainda, “Ogunhê!” Ou “Ogunhê, meu pai!”. Saudação em iorubá a Ogum. De pàtàki (principal); ori (cabeça) — “cabeça principal” (denotando o papel de destaque do Orixá na mitologia iorubana).

PATUÁ — Amuleto que se leva pendurado ao pescoço ou preso à roupa, contendo pequenos objetos (búzio, figa, pedaço de erva, orações escritas, etc).

PAU-DE-ARARASalvertia convallariodora St. Hil. Planta cujas folhas e flores são empregadas em banhos, defumações e diversos trabalhos de Umbanda.

PAU-FERRO — Nome atribuído a diversas árvores: Astronium balansae , Apuleia ferrea , Caesalpinia ferrea. Quando indicado seu uso em algum trabalho ou obrigação, recomenda-se a solicitação de maiores esclarecimentos ao Guia que a prescreveu.

PAU-PEREIRA — Nome popular de plantas como Platycyamus regnelii e Geissospermum laevis. Quando indicado seu uso em algum trabalho ou obrigação, recomenda-se a solicitação de maiores esclarecimentos ao Guia que a prescreveu.

PAU-ROSA — Árvore que fornece o linalol, óleo essencial extremamente valorizado na indústria cosmética. Para extraí-lo, é necessário derrubar a árvore: portanto, atualmente, o pau-rosa está na lista do IBAMA de espécies ameaçadas de extinção. Sua madeira pode ser usada na confecção de amuletos, em banhos, em defumações etc.

PEDRA-DE-RAIO — Nome dado a meteoritos e a pedregulhos formados pela fusão de pedras após sua exposição à alta temperatura provocada por um raio. Usado como amuleto para evitar a incidência de raios. Fetiche (vd.) de Xangô (edun ará): segundo a tradição iorubá, Xangô aniquila indivíduos mentirosos, traidores e dados ao roubo — atirando-lhes pedras junto com o trovão. Alguns assentamentos (vd.) de Xangô são formados por pedras-de-raio.

PEDRA-DE-XANGÔ — O mesmo que Pedra-de-Raio (vd.).

PEDRA UME — Mineral em forma de rocha, ou pedra, composto principalmente de alúmen de potássio. Seu nome vem da transformação fonética de pedra-alúmen em pedra-ahúme e, posteriormente, em pedra-hume. Tem várias aplicações na indústria e na medicina popular (adstringente). Apresenta propriedades protetoras contra influências maléficas, mau olhado, obsessões etc.

PEGI/PEJI – Vd. Congá.

PEMBAS – Objeto feito à base de calcário, moldado em forma de um pequeno bastão. Utilizado para cruzar objetos ou o corpo de um médium, bem como para riscar pontos (vd. Ponto riscado).

PERISPÍRITO — Esse termo foi empregado pela primeira vez por Allan Kardec, no item 93 de "O Livro dos Espíritos":

O Espírito é envolvido por uma substância vaporosa para vós, mas ainda bem grosseira para nós; é suficientemente vaporosa para poder se elevar na atmosfera e se transportar para onde quiser.

Assim como nas sementes o germe do fruto é envolvido pelo perisperma, do mesmo modo o Espírito, propriamente dito, é revestido de um envoltório que, por comparação, pode-se chamar perispírito.

Camada fluídica ou invólucro semi-material do Espírito, intermediário entre este e o corpo físico. Apesar de sua natureza etérea, o perispírito pode sofrer certas modificações em suas características — podendo, até mesmo, tornar-se visível, em algumas situações. Também conhecido por psicossoma, corpo espiritual, corpo fluídico.

PERNA DE CALÇA — Termo coloquial utilizado para designar indivíduo do sexo masculino, na linguagem de alguns Guias.

PINIMBA — Palavra de origem tupi que designa discordância ou rivalidade entre duas pessoas. Implicância, birra.

PITANGUEIRA Eugenia uniflora. Árvore de frutos comestíveis e de uso na medicina popular. Suas folhas são utilizadas em banhos e defumações como neutralizador de fluidos nocivos.

PITEIRA — 1. Acessório de tabacaria que consiste numa peça cilíndrica para encaixe do cigarro, bem como a haste do cachimbo. 2. Planta (Agave americana, também conhecida como gravatá-açu, agave) dotada de propriedades mágicas e utilizada em banhos e defumações.

PITO — Cachimbo (pretos-velhos).

POMBA-GIRA — Do dialeto quimbundo, pambu-a-njila (encruzilhada). Nome genérico de algumas entidades da Umbanda e de religiões africanistas; contraparte feminina do trabalho de Exus.

PONTA BRANCA — Cigarro.

PONTEIRA/ PONTEIRO — Punhal pequeno, utilizado em alguns rituais de Umbanda. Quando fincada ou atirada sobre um ponto riscado, a ponteira firma (vd. firmar) determinada vibração sobre o ponto. O formato e a natureza eletromagnética do metal desintegram vibrações negativas.

PONTOS CANTADOS — Uma definição simples seria “uma oração em forma de música”. Pontos cantados são preces musicadas, entoadas pelos curimbas (vd.) e que devem ser acompanhados pelos demais trabalhadores da Casa e, se permitido, pela assistência. Em algumas Casas, pode haver — ou não — o acompanhamento do Cântico pelos atabaques dos ogãs (vd.). Um ponto cantado pode ser utilizado para diversas finalidades (pontos de defumação, de cruzamento, de segurança, de chamada das entidades, de abertura e encerramento dos trabalhos, etc). Geralmente, acompanham a gira (vd.) desde seu início até o encerramento, pontuando a sequência das atividades que se desenrolam no decorrer do trabalho. Têm que ser escolhidos cuidadosamente pelos curimbas — que, além do conhecimento técnico sobre canto, devem conhecer profundamente a liturgia estabelecida na Casa. Como um conjunto de cânticos que faz parte de um culto religioso (e esse fenômeno também é observado em várias outras religiões), os pontos cantados são verdadeiros mantras, utilizados para firmar a concentração dos presentes, condensar fluidos astrais positivos no local do culto e abrir um portal energético que permite contato com o plano espiritual.

PONTO DE ABERTURA — Ponto (vd.) de abertura de uma gira.
PONTO DE CHAMADA — Ponto que invoca as entidades espirituais para se manifestarem na gira.
PONTO DE DEFUMAÇÃO — Ponto que é cantado enquanto é feita a defumação do ambiente e dos presentes.
PONTO DE FORÇA — Ou campo de força: segmento (ou sítio) da natureza onde se manifesta a atuação de um determinado Orixá, de acordo com suas características (por exemplo, as matas são o ponto de força de Oxóssi, as pedreiras o são para Xangô, etc).

PONTOS RISCADOS — Conjunto de sinais gráficos registrados no chão ou em uma tabuleta por determinados Guias (vd.), com o uso da pemba (vd.). Utilizados para: 1. Identificar o Guia, que traça sinais indicativos de seu nome, falange a que pertence e outras características particulares ao seu trabalho; nesse aspecto, o ponto riscado que identifica uma entidade é de sua utilização exclusiva (como se fosse uma assinatura), afastando a possibilidade de mistificação (vd.); 2. Exercer funções magísticas, (construindo campos eletromagnéticos de proteção e de bloqueio de energias negativas e convocando entidades que trabalham subordinadas ou associadas ao Guia).

PORTEIRA — Entrada do Terreiro.

POVO DA CALUNGA — O mesmo que “povo do cemitério” (vd.).

POVO DO CEMITÉRIO — Exus e Pombas-Giras que atuam nesse domínio, prestando auxílio àqueles que desencarnaram e necessitam esclarecimento e encaminhamento em direção à luz.

POVO DA ENCRUZILHADA — Exus e Pombas-Giras que atuam sobre todos os caminhos.

POVO DA ESTRADA — Exus e Pombas-Giras que atuam nesse domínio, onde frequentemente também se encontram Ciganos e Malandros.

POVO DA RUA — Nome genérico para Exus e Pombas-Giras.

PRECE REFRATADA — Prece dirigida a um espírito incapacitado para prestar auxílio (ou por estar encarnado, ou por apresentar padrão vibratório baixo), redirecionada a outros espíritos, iluminados, capazes de atender à rogativa do solicitante.

PRECEITO — Determinação, comando, ordem ou prescrição — feita por um Guia para ser cumprida pelo consulente ou pelo médium.

PRETOS-VELHOS — Designação dos Guias de uma das três formas de apresentação na Umbanda (vd. Triângulo Fluídico). Alguns autores estabelecem os Pretos-Velhos como uma linha de trabalho (vd.). Conjunto de espíritos de luz que trabalham dentro da Linha (vd.) vibratória de Yorimá. Não são, necessariamente, espíritos de escravos ou seus descendentes: trata-se de uma representação fluídica escolhida por espíritos que se incumbem de trabalhar submetidos a essa forma de apresentação para simbolizar o “terceiro período” da jornada humana: a velhice, a aquisição da sabedoria, da humildade e da paciência — além da superação dos sofrimentos através do exercício do perdão.

PRIMAZ — Termo proveniente do Catolicismo, característico do eclesiástico (Arcebispo) da sede mais antiga de determinada localidade; do latim, primus (primeiro). Título honorífico conferido a determinados dirigentes de certas agremiações umbandistas.

PROTETOR — Termo controvertido na Umbanda, onde pode ser compreendido como: 1. Guia (muitos autores usam a expressão “Guia protetor”); 2. Exu (“protetor de terreiro”); 3. Espírito incumbido da função genérica de proteção (de um indivíduo encanado, de uma família, de uma coletividade).

PSICOMETRIA — Faculdade mediúnica rara, que permite ao médium descrever a origem e particularidades da história de um determinado objeto que lhe seja apresentado, bem como informações sobre seu possuidor.

PUXAR O PONTO — Iniciar um ponto cantado — geralmente por parte do ogã ou curimba (vd.).

 

Q

QUALIDADE — Conceito do Candomblé; conjunto de características atribuídas a um determinado Orixá, de acordo com algumas particularidades do culto. Por exemplo, Xangô Alafim: governante do reino do Oyó. Cada Orixá pode apresentar várias qualidades, geralmente determinadas de acordo com os locais da África em que eram cultuados (por exemplo, Oxum Kare é a qualidade atribuída a Oxum cultuada na região africana de Kare). Alguns autores defendem a idéia de que não existe “qualidade” de um Orixá propriamente dita, apenas regionalismos, de origem africana, que acabaram se transferindo para o Brasil. Polêmicas à parte, embora não se atenha à questão da qualidade de Orixá tão detidamente, a Umbanda demonstra ser herdeira dessa contribuição dos irmãos Candomblecistas ao fazer referências a nomes como Ogum Onirê (Onilê), Xangô Agodô, etc.
QUARÔGalphimia brasiliensis. Também chamada resedá, nó-de-cachorro. Planta de cerrado, arustiva, empregada na medicina popular (tônico muscular, afrodisíaco, depurativo). Possui propriedades mágicas, e é empregada em banhos e defumações.

QUARTINHA — Jarra ou moringa (originalmente) de barro, usada popularmente para armazenar a água potável e mantê-la fresca. Refere-se à quarta parte de uma jarra comum, de um cântaro, um quartilhão.

QUEBRANTO — Mau olhado, feitiço, coisa feita (vd.).

QUEBRAR DEMANDA — Anular, neutralizar o efeito de um trabalho para prejudicar uma pessoa.

QUEBRAR AS FORÇAS — (Vd.) quebrar demanda.

QUEBRAR O ENCANTO — (Vd.) quebrar demanda.

QUEBRAR PRECEITO — Descumprir regras ou obrigações (vd.) assumidas perante a Casa ou os Guias.

QUIMBANDA/ KIMBANDA — 1. Substantivo masculino, aportuguesamento de kimbanda, nome usado no dialeto quimbundo para o sacerdote de cultos bantos, responsável pela manipulação de energias para a manuteção do bem-estar e do equilíbrio do indivíduo e da comunidade. 2. Substantivo feminino, referente ao conjunto de rituais praticados em suposto benefício dos que recorrem à Quimbanda para satisfazer carências e necessidades próprias, muitas vezes escusas e com prejuízos para terceiros (“amarrações” para o amor, malefícios contra desafetos, enriquecimento, etc). Nesse aspecto, a Quimbanda pode ser entendida como magia negra e totalmente contrária aos princípios de amor e caridade característicos da Umbanda. Entretanto, há praticantes da Quimbanda que declaram que a mesma é tão somente a outra face da Umbanda, onde o culto aos Exus e Pombas-Giras como seres em evolução visa ao bem-estar de seus praticantes. Perante as controvérsias, recomenda-se ao leitor que consulte fontes variadas de informação, utilize seu bom-senso e seu livre arbítrio e — se frequenta algum terreiro — esclareça junto aos dirigentes qual o conceito de Quimbanda utilizado na Casa.

QUIMBUNDO — Mistura de dialetos africanos, criada para ser ensinada nas escolas das colônias portuguesas, a fim de estabelecer uma linguagem verbal comum aos habitantes das regiões tribais de Angola e Moçambique

QUIUMBA — Nome dado aos espíritos de grau evolutivo muito baixo, trevosos, endurecidos. Muitas vezes, são apenas agentes de entidades malévolas de grande capacidade de destruição. Frequentemente, atuam como obsessores (vd.), vitimando indivíduos desprotegidos (por conta de seu padrão vibratório mostrar-se compatível e vulnerável). Costumam demonstrar apego a vivências e sensações que lhes traziam prazeres torpes durante sua existência terrena (consumo de substâncias entorpecentes, lascívia, violência) e acabam acompanhando — e parasitando — indivíduos encarnados que compartilham das mesmas paixões. Podem, também, agir como mistificadores, tentando se fazer passar por espíritos de luz para os incautos.

QUEZILA, QUEZíLIA ou QUIZILA — Aversão, antipatia, repugnância, alergia a alguma coisa. Muito usada nos cultos de nação para recomendar ao fiel que se abstenha de alguns costumes (consumo de alguns alimentos, uso de roupas de determinadas cores, etc) que seriam aversivos ao seu Orixá de coroa.

 

R

RABO DE ENCRUZA — Nome popular para quiumba (vd.).

RABO DE SAIA — Nome popular para indivíduo do sexo feminino, na linguagem dos pretos velhos e exus.

RADIESTESIA — Nome atribuído à suposta capacidade, por parte de algumas pessoas, de captar radiações e energias emitidas pela matéria — podendo, assim, encontrar água ou minerais sob o solo, encontrar objetos perdidos, avaliar desequilíbrios da saúde física das pessoas, etc. Apesar de não contar com o reconhecimento da comunidade científica, é uma prática utilizada há milênios em várias civilizações.

RAISEIRO — Indivíduo que detém conhecimentos sobre o uso de plantas medicinais no tratamento de doenças, de acordo com a medicina popular.

RECEBER — Vd. Dar passagem.

RECEBER IRRADIAÇÃO DO GUIA — Manifestação da mediunidade de irradiação (na qual a entidade envia vibrações ou ondas de pensamento para serem captadas pelo perispírito do médium).

REENCARNAÇÃO — É o regresso do espírito — após a morte do corpo físico — a um novo corpo. Através de sucessivas existências no plano material, o ser humano pode aprimorar-se moralmente, redimindo faltas pregressas, progredindo no caminho do bem e auxiliando seus semelhantes ao longo da jornada. Nas palavras de Allan Kardec:

“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, esta é a lei“.

REFORMA ÍNTIMA — Processo de aperfeiçoamento moral que deve ser empreendido pelo indivíduo que almeja elevar-se espiritualmente. Requer um constante exercício de autocrítica, de avaliação das próprias imperfeições de caráter e a manutenção de um esforço persistente, no sentido de modificação dos padrões de pensamento e comportamento.

REGISTRO AKÁSICO — Registro, arquivado na Espiritualidade, de todos os eventos ocorridos durante uma ou mais encarnações.

RELIGIÃO — (Do latim: "religio", “ligar novamente" ou "religar"). Conjunto de crenças relacionadas com aquilo que parte da humanidade considera como sobrenatural, divino, sagrado e transcendental, bem como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças.

REZA FORTE — O mesmo que breve (vd.).

RISCADOR — Pemba (vd.).

RISCAR PONTO — Gravar um ponto riscado (vd.).

ROÇA — É a denominação dada a alguns terreiros — muito comum nos cultos de nação.

RONCÓ — Recinto de acesso restrito, nos terreiros de nação (e em alguns terreiros umbandistas) em que se encontram as firmezas dos chefes da Casa. Em alguns desses terreiros, é realizada a camarinha (vd.).

RONDA — Linha, Falange ou Grupo espiritual encarregados de velar pela manutenção da segurança e da ordem durante a gira.

RUM — Em relação ao trio de atabaques (vd.), é o atabaque maior, com som mais grave (do dialeto fongbé, houn).

RUMPI — É o atabaque (vd.) médio, que integra o conjunto de atabaques do terreiro.

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terça-feira, 16 de junho de 2009

Glossário M - O

M

MACACA-PORANGAAniba fragrans Ducke. Árvore nativa da Amazônia, rica em substâncias aromáticas. Sua madeira é grandemente usada em banhos de cheiro, banhos ritualísticos e defumações.

MACAIA — Mata, ou ervas, de valor sagrado.

MACUMBA — 1. Antigo instrumento musical de percussão usado outrora nos terreiros afro-brasileiros.  2. Termo antigo que denominava cultos dos escravos nas senzalas. Posteriormente, tornou-se sinônimo de cultos sincréticos afro-brasileiros, derivados de práticas religiosas de origem nagô. 3. Termo pejorativo usado para designar “despacho” de rua, oferendas, cultos afro-brasileiros ou até rituais umbandistas.

MÃE D’ÁGUA — Personagem mítico do folclore amazônico, que atrai os homens com sua beleza para as profundezas dos rios. Na Umbanda, pode representar Iemanjá ou Oxum.

MÃE-DE-SANTO — Chefe ou dirigente de terreiro, máxima autoridade do sexo feminino, dentro da Casa. Também conhecida como Zeladora-de-Santo, Mãe-no-Santo.

MÃE-PEQUENA — Título honorífico dado à médium que substitui a Mãe-de-Santo (vd.) em algumas funções, ou em sua ausência, por ser a segunda na hierarquia do terreiro.

MAGIA — Ramo das ciências ocultas que estabelece relações entre o homem e as forças da natureza através de práticas ritualísticas definidas por uma determinada codificação teórica.

MALEME/ MALEIME — Pedido de socorro, de clemência, de auxílio ou ajuda. Pode vir em forma de cânticos ou preces pedindo perdão.

MALELÊ/ MALULU — Exu (vd.).

MAMANGÁCassia occidentalis L. Também conhecida como fedegoso e folha-do-pajé. Planta medicinal (analgésica, antiasmática, antiespasmódica, purgativa) muito utilizada em terreiros.

MANDINGA — Grupo étnico da África ocidental, muçulmano, conhecedor da escrita. No Brasil, negros mandingas exerciam funções de confiança e muitos eram forros; eram temidos por escravos de outras etnias, que os viam como detentores de poderes mágicos ­— daí, provavelmente, o significado coloquial do termo mandinga: feitiço, bruxaria.

MANDINGUEIRO — É aquele que prepara despachos e feitiços.

MANDRÁGORAMandragora officinarum L. Planta medicinal e psicoativa (afrodisíaca, alucinógena, analgésica, narcótica), dotada de grandes propriedades mágicas.

MANDRACARIA — Engodo, ato de má fé voltado a enganar pessoas e delas tirar vantagem. No contexto da prática umbandista, é forma coloquial para chamar indivíduos que exploram a fé alheia em proveito próprio.

MANDRAQUEIRO — Aquele que se encarrega de trabalhos escusos, feitiçarias e exploração da crença alheia.

MANGARÁ-GUIALÉ — Bastão de guiné muito usado como amuleto, dado o seu poder de proteção para o seu portador.

MANIFESTAÇÃO — Incorporação, transe mediúnico.

MANJERONA Origanum majorana L. Erva medicinal e de uso culinário, muito empregada em defumações e banhos; tem grande poder no deslocamento de fluidos maléficos em pessoas e ambientes.

MARAFA/ MARAFO — Aguardente.

MARINHEIROS — Linha de trabalho da Umbanda composta por espíritos que se apresentam com a roupagem fluídica de marinheiros, marujos e outros trabalhadores do mar. Podem atuar dentro da linha (vd.) de Oxalá, Iemanjá e Oxum, frequentemente em descarregos.

MARIÔ — Um dos símbolos de Ogum, é uma espécie de saiote, confeccionado de folhas desfiadas de dendezeiro (vd. Dendê).

MATAMBA — Um dos nomes de Iansã (vd.). Um dos estados do antigo Reino do Congo.

MATÉRIA — Substância corpórea, sólida, líquida ou gasosa. Corpo; dimensão material do homem.

MATERIALIZAÇÃO — Corporificação. Fenômeno mediúnico que consiste na combinação do perispírito de um ser desencarnado com o ectoplasma de um médium, tornando visível e palpável o próprio espírito ou um objeto qualquer, que não existia previamente no plano físico.

MAU OLHADO — Quebranto. Feitiço. Expressão originada, provavelmente, da crença popular de que basta o olhar de certas pessoas invejosas para causar prejuízos a terceiros, geralmente afetando o objeto ou situação que seja alvo de cobiça. V. Desenvultamento.

MÉDIUM — Indivíduo dotado da faculdade de servir como intermediário entre os espíritos e os seres encarnados, possibilitando a comunicação entre os planos espiritual e terreno (vd. Mediunidade).

MEDIUNATO — Exercício da mediunidade (vd.), quando entendida como prática de caridade e amor ao próximo. Também chamada de mediunidade de serviço ou missionária.

MEDIUNIDADE — Capacidade — comum à maioria das pessoas — de perceber a influência ou propiciar a comunicação dos espíritos. Em alguns indivíduos, essa faculdade é ostensiva e necessita ser disciplinada, educada; em outros, permanece latente, podendo manifestar-se episódica e eventualmente. Existem numerosas formas de manifestação da mediunidade, de acordo com a forma de comunicação entre espírito e médium (por exemplo, psicofonia, vidência, psicografia, incorporação, etc).

MEISINHA/MEIZINHA — Medicamento caseiro à base de vegetais ou outros materiais orgânicos ou minerais.

MENTRASTOAgeratum conyzoides L. Também conhecido como catinga-de-bode, erva-de-santa-luzia, picão-roxo, erva-de-são-joão; planta dotada de propriedades mágicas, muito empregada em banhos, defumações e outras aplicações nos terreiros.

MESA BRANCA — Denominação dada às sessões de Espiritismo (vd.).

MESINHEIRO — O mesmo que curandeiro, ou benzedor.

MIRONGA — Feitiço, mistério, segredo.

MIRRA — Árvore cuja casca produz uma substância resinosa, aromática, utilizada na produção de medicamentos, na indústria cosmética e em rituais litúrgicos.

MISTIFICAÇÃO — Vem de mistificar: abusar da credulidade de alguém. Em relação à mediunidade (vd.), trata-se de simular (fingir) a ocorrência do fenômeno mediúnico, como se estivesse realmente ocorrendo, com a intenção de auferir vantagens (financeiras, emocionais, etc) sobre alguém.

MOCOIÚ /MUCUIÚ — Do dialeto quicongo mu-kuyu; pedido de bênção nos terreiros da tradição banto.

MOJUBÁ — Para alguns autores, é um cumprimento, uma saudação em iorubá. Para outros, é uma expressão extraída da combinação dos termos Moju (viver a noite) e Ba (armar emboscadas) ou seja “armar emboscadas vivendo a noite”; nesse contexto, “Exu é mojubá” (dentre algumas variações) significaria uma saudação que reconhece essas características de Exu. Outra variante indica Mojubá como sinônimo de “Meus respeitos”.

MORUBIXABA — palavra de origem Tupi que denomina o chefe da tribo para os indígenas. Em algumas Casas de Umbanda, é o título honorífico dado ao dirigente-chefe.

MUFÉ — Árvore originária da África muito empregada em práticas ritualísticas de terreiro.

MUIRAKITAN/ MUIRAQUITÃ — Amuleto indígena feito de pedra, geralmente verde, talhado em forma de um pequeno animal ou ser humano. Costumava ser entregue pelas índias icamiabas (tribo matriarcal de guerreiras) aos índios guacaris após consumado o envolvimento sexual, com fins de procriação.

MULUNGUErythrina mulungu, Erythrina verna. Árvore também conhecida como suinã, corticeira, eritrina, cujos elementos têm propriedades medicinais — notadamente a raiz e as folhas — muito conhecida como “sedativo natural”. Utilizada nos trabalhos de proteção nos terreiros.

MURTA — Planta do gênero Myrtus, com propriedades medicinais e de uso ritualístico desde a Antiguidade. Contudo, dá-se o mesmo nome a uma série de outros vegetais, de diversos gêneros (Eugenia, Rhodomyrtus, Myrcia, etc). A murta comum costuma ser utilizada em defumações, banhos, patuás e outros trabalhos.

MUTAMBAGuazuma ulmifolia Lam. Planta medicinal (mas potencialmente tóxica) muito empregada no preparo de banhos e defumações.

MUXAXA — Árvore de origem africana (Angola), empregada em diversos trabalhos de terreiro.

 

N

NAÇÃO — 1. Nome, dado arbitrariamente, a grupamentos humanos trazidos como escravos ao Brasil, sem maiores considerações a respeito de sua origem étnica. Esse conceito contempla, basicamente, duas grandes “nações”: a Sudanesa (Nagô, Jeje, Jeje-Nagô, Mina-Jeje) e a Banto (Angola, Congo). 2. Designa o culto religioso comum a indivíduos provenientes da mesma etnia africana, ou do mesmo subgrupo étnico. 3. Termo popularmente empregado para denominar, de forma genérica, as religiões e cultos de origem africana.

NAGÔ — Nome dado aos indivíduos da etnia iorubá pelos nativos do antigo Daomé, seus antagonistas. Primariamente pejorativo, tinha o significado de “estrangeiro” ou “piolhento”. Popularizou-se, depois, como sinônimo de iorubá.

NANÃ — Orixá originária da cultura Jeje, sincretizada no Catolicismo com Sant’Ana, por ser o Orixá feminino mais velho no panteão africano. Divindade das águas, rege as águas paradas, os pântanos, as nascentes. “Senhora dos mortos”, recebe os espíritos que desencarnaram e regressam ao plano espiritual. Diz-se, também, Nanamburuquê.

NEGRAMINA — Planta utilizada em defumações e banhos de descarga e defumações, dadas as suas propriedades mágicas.

NINFAS — Juntamente com as ondinas (vd.), são seres da natureza (vd.) ligados às águas, associados a Oxum.

NOVICIADO — Aprendizagem, iniciação. É o período em que um indivíduo é submetido aos ensinamentos de uma ordem religiosa, voltado à reflexão, estudo e exercício de seus conhecimentos.

 

O

OBÁ — Significa “Rei”. Também é um Orixá feminino, esposa de Xangô na tradição nagô. Como Orixá, representa, também, o pólo negativo da terceira linha (vd.) de Umbanda, contrapondo-se a Oxóssi no pólo positivo.

OBALUAIÊ — Vd. Abaluaê.

OBASSABÁ/ OBASSALÉA — Abençoar, benzer.

OBATALÁ — Do iorubá Oba (rei) + Alá (branco). No panteão africano, é o primeiro e maior dentre os Orixás, filho direto de Olorum (vd.). Para muitos, é um dos nomes utilizados para designar Oxalá (vd.).

OBI — Planta pertencente ao gênero Cole, da família Malvaceae, também conhecida como noz de cola, abajá, café-do-sudão, cola. Além de serem utilizadas como um estimulante natural (devido à alta concentração de cafeína), as sementes são empregadas como instrumento de oráculo em cultos de nação e alguns terreiros de Umbanda. Também denomina uma das obrigações (vd.) do Candomblé.

OBRIGAÇÕES — Festas em homenagem aos Guias ou Orixás. São também as determinações ou tarefas prescritas aos médiuns ou consulentes pelos Guias com o objetivo de auxilio ou como parte do processo de desenvolvimento mediúnico.

OBSEDAR/OBSEDIAR — Ato de um espírito que prejudica outrem, através da obsessão (vd.).

OBSESSÃO — Ação persistente, promovida por um espírito de baixo grau evolutivo, contra alguém. Pode ocorrer partindo de seres desencarnados contra encarnados e vice-versa; de encarnados contra encarnados, e igualmente dos desencarnados contra desencarnados. Através da invigilância e das imperfeições morais, o indivíduo obsediado (que sofre o processo) acaba oferecendo sintonia compatível com o baixo padrão vibratório de um espírito que deseje causar-lhe malefício, seja inspirando-lhe maus pensamentos e sentimentos, seja influenciando sua conduta com intensidade progressiva. O processo de obsessão decorre de nossos erros, em encarnações anteriores ou na atual, em que causamos sofrimento a determinado espírito que almeja vingar-se.

OBSSESSOR — Espírito perturbador, de baixo grau evolutivo, responsável pelo processo de obsessão (vd.).

OCA — Palhoça. Habitação indígena. O agrupamento de ocas é chamado taba ou maloca.

ODÉ — Um dos nomes africanos do Orixá Oxossi (vd.).

ODÔ-FE-IABA! — Saudação iorubá a Iemanjá; de Odô (rio); fe (amada); iyàagba (senhora) — Amada Senhora do Rio (das águas)! Também se diz Odô iá! ou Odociaba!

ODUDUÁ/ ODUDUWA — Orixá iorubano (Odùduwà), ora descrito como feminino, ora como masculino, filho direto de Olorum; na tradição iorubá, responsável pela criação da dimensão física da Terra em lugar de Oxalá (vd.), a quem teria cabido a criação dos seres vivos.

OFÃ — Ou “mão-de-ofã”. Responsável por coletar as ervas que serão utilizadas nas práticas cerimoniais (nação).

OGÃ — Responsável por tocar os atabaques, não costuma incorporar (pelo menos, não enquanto estiver nessa função). Em algumas Casas, detém status similar ou imediatamente inferior ao dos chefes do terreiro. Sua preparação consiste não apenas nos conhecimentos técnicos de manejo do instrumento, mas do fundamento da Casa e de seus elementos litúrgicos próprios, requerendo extenso preparo.

OGÃ ALABÊ — Vd alabê.

OGÃ CALOFÉ — É o grau imediatamente superior ao do Ogã de Atabaque (vd.).

OGÃ DE ATABAQUE — É o grau imediatamente superior ao de Ogã de Terreiro.

OGÃ DE TERREIRO — Ogã (vd.) que tem a responsabilidade material dos trabalhos. Em algumas Casas, é o grau imediatamente superior ao de Cambono Calofé.

OGÃ HONORÍFICO — Em algumas Casas, é uma espécie de título honorífico concedido a quem tenha prestado serviços relevantes a um terreiro, como se fosse uma condecoração.

OGUM-IÊ/ OGUNHÊ — Saudação a Ogum. Vd. Patacorê.

OIÁ — Um dos nomes atribuídos a Iansã (vd.).

OKÊ — Do iorubá, monte. Compõe a saudação aos caboclos (Okê, Caboclo!) e a Oxossi. “Oké” é a divindade das montanhas, na tradição iorubá.

OKÊ ARÔ! — Saudação iorubana a Oxossi: Okê (monte); arô (título honroso dado aos caçadores) — “Salve o grande Caçador!” Outra origem possível para essa expressão estaria em: Okê = aquele que grita ( = gritar) + Arô: “Aquele que fala mais alto”.

OKÊ BAMBOCLIM/ OKÊ BAMBOCRIM! — Saudação a Oxóssi.

OLHO-DE-BOI — Semente de Mucuna pruriens, planta também conhecida como mucunã. Utilizada como amuleto, na confecção de guias e patuás, em trabalhos de Umbanda e na medicina caseira.

OLHO GRANDE — Olho gordo, mau olhado, inveja, malefício, quebranto.

OLODUMARÉ— Também chamado Zambi, é o Supremo Criador do Universo, princípio gerador de todas as coisas. Ao contrário do que alguns afirmam, as religiões africanistas são monoteístas, pois Olodumaré é o Deus único, criador das demais entidades conhecidas como Orixás (vd.) e de tudo o mais que existe na criação.

OLORUM — Vd. Olodumaré.

OMOLOCÔ — Do iorubá, Omo (filho) + Loko (Iroko, ou gameleira branca). Outra hipótese para a criação desse termo seria “filhos de Okô” (divindade protetora da agricultura). Culto religioso iniciado no Rio de Janeiro a partir do final do século XIX, contando com a contribuição de escravos procedentes do sul de Angola. Uma de suas vertentes cultua Orixás e trabalha com Guias e linhas de trabalho da Umbanda, dentro da prática denominada Umbanda Omolocô. Outro segmento define-se apenas como Omolocô, mais adstrito à tradição africanista.

ONDINAS — Seres da natureza (vd.), ligadas às águas — mais propriamente aos oceanos, rios, lagos, gotas de chuva e de orvalho; contribuem para a regeneração do corpo físico da terra e do ser humano.

ONI BEIJADA! — Ou “Beji, Beijada!”. Saudação iorubá a Ibeji: “Ele é dois!”, ou “Senhor dos gêmeos!”

OPELÊ DE IFÁ — Rosário feito de pequenos búzios e que é utilizado para ler o futuro e fazer adivinhações, utilizado em alguns cultos de nação e em alguns terreiros de Umbanda.

ORA IÊ IÊ Ô! — Saudação iorubá a Oxum.
ORAÇÃO FORTE — Oração escrita em papel, guardada junto ao corpo (vd. Breve) para proteção de seu portador.

ORAGO — Patrono, padroeiro. Termo herdado da tradição cristã, vem de “oráculo”. Entidade chefe de um terreiro.

OREGÃO/ORÉGANO — Origanum vulgare. Planta muito usada na culinária e em banhos, como condensador fluídico.

ORI — “Cabeça”. Princípio individual do ser humano.

ORIXÁS — Do iorubá, Òrìsà, traduzido por alguns como “senhor da cabeça”. Agentes divinos que regem as forças da natureza. Não são deuses, no sentido de “Supremo Criador”: essa é a identidade de Olorum (vd.), Deus, Zambi. Os Orixás seriam as emanações desse Supremo Criador, do poder divino — diferentes entre si por contemplarem diferentes facetas, diferentes aspectos desse poder. Têm a faculdade de administrar e ativar as energias presentes em seus pontos de força (vd.), controlando desde a germinação de uma semente até a ocorrência de um maremoto. O culto aos Orixás, então, coloca-nos em contato mais próximo e harmônico com essas forças. Por outro lado, representam arquétipos da natureza humana, claramente perceptíveis em suas características mais “humanizadas”. Na Umbanda, não incorporam.

ORIXÁ DE CABEÇA — Orixá principal do médium, regente de sua coroa.

ORIXÁ DE FRENTE — O mesmo que orixá de cabeça (vd.).

OROBÔ — Semente de Garcinia kola, usada para cerimônias religiosas africanas, também empregada nos trabalhos de Umbanda.

OSSAIM — Também conhecido como Ossãe ou Ossanha, é a divindade que rege as folhas e suas propriedades mágicas e medicinais; cultuado no panteão africano com o status de Orixá, é cultuado na Umbanda com menos frequência, por conta da transferência de seus atributos a Oxossi (vd.).

OTÁ — Pedra coletada na natureza para receber fixação de energias de determinado Orixá, dentro da tradição religiosa africanista. Faz parte do assentamento do Orixá do terreiro, dentro de ritualística própria e restrita à chefia da Casa.

OXALÁ — Orixá sincretizado no Catolicismo com Jesus Cristo. Responsável pela criação dos seres humanos na mitologia iorubá; representa a síntese de todas as origens, o princípio da vida no plano terrestre, a paz, a totalidade. Considerado o Orixá de maior ascendência no panteão das divindades, imediatamente abaixo de Olorum (vd.), de quem é filho direto.

OXAGUIAN — Qualidade (vd.) de Oxalá, caracterizada como guerreiro jovem, representando a nobreza e a pujança.

OXALUFAN — Qualidade (vd.) de Oxalá com apresentação de ancião, representando a sabedoria e a paciência.

OXÉ/ OSSÉ — machado de Xangô, composto de dois lados, representando a equanimidade da Justiça.

OXÓSSI — Orixá das matas, do elemento verde da natureza. Sincretizado na Igreja Católica com São Jorge (culto nagô) ou São Sebastião. Na Umbanda, costuma receber a cultuação pertinente a Ossaim (vd.).

OXUM — Orixá sincretizada no Catolicismo com Nossa Senhora Aparecida e, para alguns, Nossa Senhora da Conceição. Rege as águas doces — prevalentemente os rios e cachoeiras. Representa o amor crístico, incondicional. Existem diversas qualidades (vd.) de Oxum: Oxum-Abalô, Oxum-Apará, Oxum da Cobra Coral.

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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Glossario Umbandista ( J-L)

J

JABARANDAIA — Chefe de terreiro.

JABONAN — Em alguns terreiros, designa a mãe-pequena, ou a auxiliar da Babá ou sacerdotisa do culto.

JACULATÓRIA — Oração curta. Frases curtas adicionadas ao final uma prece; herança da fé Católica.

JACUTÁ — Altar ou terreiro.

JALAPEIRO — Curandeiro, benzedor.

JALOFOS — Negros originários de regiões próximas ao Senegal.

JANDIRA — Cabocla da Linha de Iemanjá.

JAPANA — Planta do gênero Eupatorium, também conhecida como aiapana, lapana, erva-santa. Suas folhas são empregadas em banhos, entre outras finalidades.

JEJE — Nome dado ao agrupamento de várias etnias — ewe, fon, ashanti, mina, fanti — que veio maciçamente da África, durante o período escravagista. Denominação que os iorubás davam ao povo originário do Daomé (atual República Popular do Benin), por significar “estrangeiro”. Foi uma das correntes mais marcantes na formação do Candomblé e, apesar de muito do seu culto ter sido assimilado pelos iorubás, ainda existem terreiros que mantêm ritos puramente jejes. Encontra-se a expressão jeje-nagô em textos sobre ciências sociais a respeito dos cultos afro-brasileiros, significando a junção dessas duas correntes, embora a dominante costume ser a iorubá.

JOÃO-CORRÊA — Leptolobium elegans. Árvore também chamada perobinha-do-campo, peroba-branca, sete-capotes. Suas folhas são muito empregadas em banhos de defesa e como condensador fluídico.

JUCÁ — Apuleia ferrea. Árvore também conhecida como pau-ferro. Suas folhas são muito usadas na medicina popular para várias doenças, sendo também de grande emprego em banhos de descarga e defumações.

JUREMA — 1. Uma das Caboclas da Linha de Oxossi, chefe de legião. 2. Nome popular que designa várias espécies de plantas leguminosas dos gêneros Mimosa, Acácia e Pithecelobium. O gênero Mimosa tem propriedades psicoativas, empregadas em rituais indígenas.

JUREMÁ — Na mitologia indígena, é a entidade que representa a mata. Por extensão, é também o mundo astral onde habitam os espíritos dos Caboclos.

JURUJUBA — Verbena officinalis. Verbena. Planta medicinal, cujas flores são utilizadas em trabalhos espirituais

L

LÁGRIMAS-DE-JOB — Coix lacryma-jobi. Também conhecidas como Lágrimas de Nossa Senhora, capim-rosário, rosário. Planta medicinal cujas sementes são utilizadas na confecção de terços católicos e guias (vd.) de umbanda.

LAVAGEM DE CABEÇA — Cerimônia iniciática dos cultos afro-brasileiros e da Umbanda. Consiste no preparo de banho com vegetais, derramado sobre a coroa do médium durante ritual estabelecido pelas entidades espirituais que coordenam os trabalhos da Casa.

LÊ — É o terceiro atabaque, o menor e o de som mais agudo.

LEGIÃO — Agrupamento de espíritos de alto grau evolutivo, sob a coordenação do chefe de legião (vd.). Dentro da hierarquia espiritual, a cada linha (vd.) correspondem sete legiões. Cada uma delas, por sua vez, tem sob sua responsabilidade sete falanges (vd.), que continuam a se subdividir de sete em sete agrupamentos.

LINHA — Termo que encontra numerosas definições na literatura umbandista; de maneira muito genérica, significa uma faixa energética em que vibra um espírito de altíssima evolução. Na Umbanda, há sete dessas faixas, ou linhas. Tomando como exemplo um prisma óptico, que promove a dispersão da luz branca em sete cores, podemos pensar em Deus, Criador supremo, apresentando sete diferentes emanações de Sua natureza: as linhas, representadas pelos Orixás (vd.) como facetas da divindade. Assim como as sete cores refratadas pelo prisma darão origem a infinitas nuances, as linhas abrigarão incontáveis espíritos, agrupados em consonância com a vibração da linha a que pertencem. Este blog pretende elaborar um post específico apenas para este assunto. Vd. Legião e falange.

LINHA BRANCA — Nome popular dado à Umbanda.

LINHA CRUZADA — Pode significar uma referência aos cultos umbandistas com forte participação das práticas do Candomblé, ou a concomitância — num mesmo trabalho — de entidades espirituais que alguns chamam de “direita” (Guias) e “esquerda” (Exus). Existem referências ao termo “linha cruzada” como a prática, em alguns locais, de trabalhos de caridade e outros voltados a interesses estranhos e malfazejos; os defensores dessa prática alegam que trabalhos voltados para o mal são a contraparte da caridade, e que uma face não existe sem a outra. No entanto, a definição da Umbanda como orientação religiosa é totalmente contrária à prática do mal (“amarrações”, “quebrantos”, enfeitiçamentos, etc) e refuta essa idéia veementemente.

LINHA DAS ALMAS — Nome da sétima linha de Umbanda (vd.); agrupamento de espíritos de luz representados pela corrente dos pretos-velhos (vd.).

LINHA DE CURA — Agrupamento de entidades espirituais ligado a trabalhos voltados ao tratamento de enfermidades; podem pertencer a diferentes formas de manifestação (orientais, caboclos, etc).

LINHA DE TRABALHO — Conjunto de entidades espirituais que se identificam sob um mesmo arquétipo (pretos-velhos, caboclos, etc).

LINHA DO ORIENTE — Linha de trabalho (vd.) que congrega espíritos que se manifestam com a roupagem fluídica de orientais, voltada comumente a trabalhos de cura; chamada, também, de “Povo do oriente”. Na verdade, “orientais” pode significar hindus, árabes, chineses, etc ­— ou seja, povos de origem milenar e de longa tradição cultural, filosófica e científica. Quando usamos a expressão “roupagem fluídica”, queremos dizer que esses espíritos não tiveram, necessariamente, encarnações pertencentes a esses grupos étnicos: a escolha desse modo de manifestação pode se tratar de uma preferência, por parte da entidade, de uma “aparência” condizente com o perfil de trabalho que pretende desempenhar.

LITURGIA — Segundo a Wikipédia,

O vocábulo "Liturgia", em grego, formado pelas raízes leit- (de "laós", povo) e -urgía (trabalho, ofício) significa serviço ou trabalho público. Por extensão de sentido, passou a significar também, no mundo grego, o ofício religioso, na medida em que a religião no mundo antigo tinha um carácter eminentemente público. (...) compreende uma celebração religiosa pré-definida, de acordo com as tradições de uma religião em particular; pode incluir ou referir-se a um ritual formal e elaborado (como a Missa Católica) ou uma atividade diária como as salats muçulmanas.

LUA — “Uma lua”: termo utilizado para designar o período de uma semana.

LUA GRANDE — Período de tempo que contempla um ano.

LUA PEQUENA — Período de tempo que contempla um mês.

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Glossário de Termos Umbandistas (A – C)

Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, glossário pode ser definido como:

  1. dicionário de palavras de sentido obscuro ou pouco conhecido;
  2. conjunto de termos de uma área do conhecimento e seus significados; vocabulário
  3. pequeno léxico agregado a uma obra, principalmente para esclarecer termos pouco usados.

A fim de auxiliar os novatos, como eu, na seara Umbandista, resolvi fazer uma vasta pesquisa e montei um glossário com os principais termos utilizados na nossa querida Umbanda. Trata-se da reunião de diversos verbetes encontrados em inúmeras fontes. Este glossário está subdividido a cada três letras do nosso alfabeto, para uma melhor organização. Exemplo: de A a C, de D a F e assim sucessivamente.

Vale lembrar que existem controvérsias e até polêmicas a respeito de alguns significados; tentei contemplar essas divergências da melhor forma possível e espero que este modesto dicionário possa ser útil a todos nós. Que Pai Oxalá nos abençoe e nos ilumine!

 

A

ABABÁ — Alguidar (vd.), cuia de barro ou recipiente de metal. Também é o nome de uma tribo tupi-guarani que morava nas cabeceiras do rio Corumbiara, no Mato Grosso.

ABAÇÁ/ ABACÊ — Do idioma fon, agbasa = sala, salão. Espaço do templo/ tenda/ terreiro de Umbanda destinado à dinâmica de seu funcionamento — atendimentos, cerimônias, etc.

ABALUAÊ / ABALUAIÊ/ OBALUAÊ/OBALUAIÊ — Orixá também conhecido como Afomã, Waru-Ware, Vapanã, Sopona, Xapanã (Nação). Através do sincretismo com a religião Católica, é identificado como São Lázaro ou São Roque. Responsável pelo fim da vida carnal e princípio da vida espiritual.

ABEBÉ/ABEDÊ — É o leque de Oxum, quando feito de latão.

ABRIR A GIRA — Significa o início ou a abertura dos trabalhos nos terreiros de Umbanda. Vd. Gira.

ABRIR OS CAMINHOS — Retirar entraves energéticos que estejam impedindo o fluxo natural da vida de uma pessoa.

ACARIÇOBA/ ACARISSOBAHydrocotyle sp. Também chamada erva-capitão, barbarosa, acaricaba. É uma planta muito usada em banhos de descarga. Em tratamentos caseiros (diurético, emético, tônico), normalmente usa-se a planta toda, mas as folhas são tóxicas para uso interno.

ACENDE-CANDEIAPlathymenia foliosa. Árvore cuja casca tem uso medicinal. Muito usada em banhos, sendo conhecida também pelos nomes de vinhático e candeia-mucerengue.

ACOSTAR — Refere-se à ocasião da incorporação mediúnica.

ADÂMICO — Referente a Adão (primeiro homem a ser criado, na tradição bíblica). Primitivo, ancestral.

ADARRUM — É o toque feito seguidamente pelos atabaques, quando da invocação dos protetores para se incorporarem nos médiuns.

ADEJÁ/ ADJÁ — É uma campainha ou sineta usada nas cerimônias de terreiro, cujo toque também tem poder vibratório.

AGÔ — Licença ou permissão (ou mesmo, em alguns contextos, um pedido de proteção para a Espiritualidade).

AGÔ-IÊ — “Dai-me Licença”.

ÁGUA DAS SETE PROCEDÊNCIAS — Água assim chamada quando se reúne, em um só vasilhame, uma pequena quantidade de água de cada uma das seguintes origens: água do mar, do rio, da cachoeira, de mina, de lagoa, do orvalho, da chuva. Essa água é utilizada em diversos trabalhos.

ÁGUA FLUIDIFICADA — Trata-se de água potável que tenha recebido vibrações dos Guias, a fim de que adquira propriedades terapêuticas.

ÁGUA GREGORIANA — É uma água preparada com sal, vinho e cinza, utilizada na liturgia Católica, podendo ser utilizada como agente deslocador de fluidos muito pesados, larvas astrais ou toxinas psíquicas.

ÁGUA MAGNETIZADA — Vd. água fluidificada.

ÁGUIA BRANCA — Índio, Chefe de Falange dos Peles Vermelhas. Linha de Oxóssi.

AGUERÉ — Toque de atabaque cadenciado com duas variações: uma para Iansã, outro para Oxóssi.

AIMORÉ — Tribo de índios da linha tapuia, também chamados de Botocudos por causa do uso de grandes adornos labiais e auriculares. Viviam do sul da Bahia ao norte do Espírito Santo. Grandes corredores e guerreiros temíveis, os aimorés resistiram ferozmente à demarcação das Capitanias Hereditárias. Hoje, descendentes dos botocudos, os krenak, vivem em área de proteção, mas quase foram dizimados. Também pode se referir à designação do Deus da caça. Chefe de legião (vd.) da linha (vd.) de Oxalá.

AIOCÁ/ AIUCÁ/ AIOKÁ/ AIUKÁ — Referente a Iemanjá e ao fundo do mar.

AIUÊ — Do quimbundo "Ai! Au! Ai de mim!". É interjeição de admiração ou surpresa, exprimindo alegria, gracejo, espanto ou satisfação.

AKÁSICO/AKHÁSICO — Céu, celeste (do sânscrito ákasa).

ALÁ — Toalha branca para uso ritual.

ALABÊ — É o Ogã (vd.) chefe tocador de atabaques e instrumentos rituais, é quem tem a obrigação principal de conduzir os toques durante a sessão. Os Ogãs só recebem essa denominação específica quando são devidamente preparados e passam por rituais de consagração. Também é quem dispensa os cuidados especiais de limpeza fluídica ao atabaque.

ALDEIA — Povoado indígena. Quando se refere a espíritos de caboclos, corresponde à sua morada. Também pode ser sinônimo de templo ou terreiro de Umbanda

ALECRIMRosmarinus officinalis. Planta arbustiva muito conhecida, usada na culinária, na medicina popular e em banhos, defumações e amuletos para afastar energias negativas e atrair bons fluidos e proteção.

ALGUIDAR — Vasilha de barro em forma de cone truncado invertido, semelhante a uma bacia, onde se depositam objetos diversos, oferendas, etc.

AMACI — Líquido preparado com o sumo de diversas plantas, não cozidas, maceradas em água. Utilizado para preparar o médium para receber as energias próprias do terreiro, limpeza de aura e confirmação ou fortalecimento do contato das entidades trabalhadoras da coroa do médium.

AMARRADO — Nome popular para o estado do indivíduo atingido por vibrações nocivas, que prejudicam sua vida (saúde, trabalho, família, etc).

AMULETO — Objeto com finalidade protetora, que se traz pendurado ao pescoço, preso na roupa ou guardado em casa.  Considera-se que tenha o poder de afastar maus fluidos.  Pode ser medalha, figura, inscrição ou outros objetos, dentro de um saquinho ou estojo de qualquer material: pedra, marfim, madeira, metal, pano, etc.

ANGELIM AMARELOHymenolobium modestum. Árvore robusta, de seiva resinosa que se solidifica em contato com o ar. É de grande uso nos banhos de defesa e em defumações.

ANGOLA — País da costa atlântica sul da África ocidental. Sua capital é Luanda. Antiga colônia de Portugal, forneceu inúmeros cativos durante o período escravagista, trazendo vários dialetos de origem Banto como quimbundo e quikongo. Na Umbanda, muitas entidades espirituais associam esse termo aos seus nomes — Pai Anastácio de Angola, por exemplo. A chamada “Umbanda de Angola” é o culto umbandista muito influenciado pelo candomblé de rito angola.

ANGOMBA — É a designação do segundo tambor dos atabaques. Segundo o famoso pesquisador de folclore Luís da Câmara Cascudo, porém, é o atabaque maior, correspondente ao Rum.

ANIMISMO — Conjunto dos fenômenos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns. Temido por médiuns iniciantes, pelo receio de ser interpretado como interferência voluntária na qualidade das manifestações. Existe certa polêmica a respeito: há autores que defendem a idéia de que seria impossível a ocorrência do fenômeno mediúnico sem algum grau de animismo; outros acreditam que, de fato, é uma interferência indesejável.

APARELHO — Médium.

ARANAUAM — Expressão utilizada como saudação, formada pela contração de dois termos: ara (luz); anauam (paz): “paz e luz!”.

ARARIBÓIA — Caboclo, chefe de uma das legiões da Linha de Oxóssi.

ARAÚNA — Índio, chefe de falange dos Guaranis. Linha de Oxóssi.

ARERÊ — É uma palavra de origem iorubá (Nigéria e República do Benin). É mais uma exclamação que sugere "olha a briga!" ou "olha a festa".

ARIMBÁ — Pote de barro para guardar o azeite-de-dendê.

ARQUÉTIPO — Pode ser compreendido como um conjunto de predisposições inatas para experimentar e simbolizar situações humanas universais; termo extremamente difundido em Ciências Humanas por contribuição do psicanalista suíço Carl Gustav Jung que, a partir da concepção de Platão (para quem a “idéia” seria um modelo espiritual pré-existente ao mundo exterior), definiu os arquétipos como elementos estruturais e formadores do inconsciente. Como exemplo, podemos citar os arquétipos do herói, da mãe, da alma-gêmea. Frequentemente, correspondem a temas encontrados em sonhos e fantasias de muitos indivíduos, além de referências mitológicas que reaparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes. Nesse sentido, as características atribuídas aos Orixás (e até mesmo às entidades formadoras do triângulo fluídico) derivam de arquétipos evidentes: a “Mãe” Iemanjá, o “herói guerreiro” Ogum, etc.

ARREBENTA-CAVALOSolanum aculeatissimum – Família Solanaceae. Planta cujas cinzas são aproveitadas na confecção de sabão caseiro, sendo também muito utilizada nos banhos de descarga. Seu fruto é tóxico e não deve ser ingerido. Provavelmente, seu nome popular deve-se à intoxicação de cavalos e bois pela ingestão do mesmo.

ARRIAR — Fazer a entrega de oferenda no local da vibração específica.

ARRUDARuta graveolens. Planta muito empregada na medicina popular e também como amuleto, sendo muito usada em banhos e em defumações para destruir os efeitos maléficos de cargas fluídicas negativas. O chá pode causar intoxicações e não deve ser consumido por gestantes.

ARUANDA — Céu, Nirvana ou Firmamento, isto é, a moradia daquele que é o Criador Supremo. Plano Espiritual Elevado, onde habitam os Orixás e entidades superiores. Termo derivado de Luanda (São Paulo de Luanda), capital da Angola, que representava para os negros escravos a reminiscência de sua pátria perdida, lugar de sonhos nostálgicos de regresso, paraíso de liberdade.

ASSA-PEIXEVernonia Polyanthes, Vernonia ferruginea Less. Planta de propriedades medicinais (diurética, expectorante...) também conhecida como cambará, mata-campo. Possui grandes propriedades mágicas; muito utilizada em banhos e defumações que combatem cargas nocivas dirigidas contra pessoas e ambientes.

ASSENTAMENTO — Objetos ou elementos da natureza cuja substância e configuração abrigam a força dinâmica de uma divindade. Consagrados, são depositados em locais apropriados de uma casa-de-santo.

ASSENTO — Tratando-se do terreiro, esse termo quer dizer santuário dos Orixás, ou um local onde estão depositados objetos que simbolizam sua natureza específica.

ATABAQUE — Instrumento de percussão semelhante a um tambor. Apresenta-se em registro grave, médio e agudo, com os nomes respectivos de Rum, Rumpi e Lé (ou Runlé). O uso do atabaque é restrito a médiuns especialmente preparados (vd. alabê e ogã).

ATOTÔ! — Saudação a Omulu/Obaluaiê de origem iorubana que significa “Silêncio!”, ou “Ele está entre nós!”.

ATUADO — Termo empregado para se dizer que uma pessoa está sob a influência mediúnica de um espírito.

AUÊ — Expressão frequentemente utilizada em alguns pontos cantados; significa “meu amigo” em iorubá.

AUM — É o mantra mais importante do hinduísmo e outras religiões. Um mantra consiste numa sílaba ou poema religioso normalmente em sânscrito; é um instrumento da representação e concentração mentais e por isso um recurso de poder mental. O mantra é ainda mais poderoso do que um som comum: é como uma porta que se abre para a profundidade da experiência. Aum (ou OM, como também costuma ser representado) é a semente vibracional que "fecunda" outros mantras, como Om namah Shivaya.

AURA — Emanação fluídica do corpo humano e dos demais corpos. A aura é um elemento etéreo, imaterial, que cobre todo o corpo físico. Algumas pessoas fotografam a aura por um processo chamado fotografia kirlian ou kirliangrafia, demonstrando visualmente a variação de suas emanações da parte física, mental e emocional (cor, tamanho, brilho, etc) conforme as condições do indivíduo naquele momento.

AVISSAIS — Seres da natureza (vd.), pertencentes ao (vd.) elemento terra; geralmente associados a rochas, cavernas subterrâneas e, que vez ou outra, vêm à superfície. Atuam como transformadores, convertendo elementos materiais em energia. Também são coadjuvantes no trabalho dos bons espíritos, pois, como estão ligados à terra, trazem uma cota de energia primária essencial para a reconstituição da aparência perispiritual de entidades materializadas, inclusive quando perderam a forma humana ou sentem-se com os membros e órgãos dilacerados.

AXÉ — Termo iorubano (àse) que significa lei, poder. Força que permite a dinâmica da vida, a sucessão dos processos vitais presentes em todos os reinos da natureza, manipulada magisticamente, através de rituais e oferendas. Também pode significar a força mágica do terreiro, através da reunião de diversos objetos pertencentes às várias linhas, entidades, falanges etc, e que são ocultados dentro dos limites do terreiro. Igualmente, pode significar uma expressão utilizada para transmitir força espiritual, podendo ser ainda, o mesmo que “amém”, “assim seja”.

AZÊ — Juntamente com o “filá” e o xocotô, compõe a vestimenta de palha da costa usada por Omulu.

AZEITE-DE-DENDÊ — Óleo extraído das sementes do dendezeiro, Elaeis guineensis, Jacq, muito empregado na culinária doméstica nordestina — principalmente baiana — e no ritual de Umbanda.

 

B

BABÁ — Chefe dos trabalhos. Mãe de Santo, chefe dos cultos (feminino). Também prefixo que compõe títulos sacerdotais masculinos, como babalaô, babalorixá.

BABALAÔ — Pai-de-santo. Chefe ou Sacerdote do terreiro.

BABALORIXÁ — Chefe masculino de terreiro; sacerdote. Denominado popularmente “pai-de-santo”, dirige o corpo sacerdotal. Orienta a vida espiritual da comunidade religiosa.

BAIANOS — Linha de trabalho de Umbanda, formada por espíritos que se apresentam fluidicamente como o “povo da Bahia”, trabalhando com alegria, extroversão e grande eficiência em descarga de energias nocivas e dificuldades emocionais.

BAIXAR — Termo que se refere a quando os Protetores ou Guias baixam nos terreiros durante as sessões, para se incorporarem nos médiuns.

BÁLSAMO DE TOLU — Resina extraída de árvore de mesmo nome. Muito empregado na medicina popular por suas propriedades expectorantes. Utilizado na Umbanda para defumações.

BANDA — Termo que diz respeito à procedência do Guia. É também a linha/falange a que está ligada a Entidade.

BANTO — Grupo étnico e linguístico do qual procederam inúmeros escravos angolas, cabindas, congos, benguelas e moçambiques. Originário da África central, dispersou-se pelo continente em diversas direções; os subgrupos que ocuparam a costa ocidental da África se espalharam pelo território e cederam escravos para o tráfico europeu.

BARRACÃO — Sinônimo de terreiro.

BASTÃO-DE-OGUM — Planta do gênero Sansevieria. Variedade da conhecida (vd.) Espada de Ogum, ou Espada de São Jorge, mas com folhas longas e cilíndricas.

BATÁ-COTÔ — Tambor de guerra iorubano, formado por estrutura de cabaça e tímpano de couro. Tido como elemento fortemente incitador das massas rebeladas, sua importação foi proibida depois da Revolta dos Malês (insurreição de um grupo de africanos muçulmanos — os malês — em 1835).

BATER CABEÇA — Ritual que quer dizer cumprimentar respeitosa e humildemente. Consiste em abaixar-se aos pés do congá (vd.) ou a uma Entidade Espiritual e tocar sua cabeça ao chão, aos seus pés. Representa respeito e humildade.

BATER NOS OMBROS — É uma espécie de saudação que tem lugar durante os trabalhos de terreiro, quando o guia, com seu ombro esquerdo, toca no ombro direito de algum outro guia ou mesmo de algum assistente, com o ombro direito bate no esquerdo e finaliza com o primeiro movimento.

BATISMO — Também chamado Batismo de Lei, é um dos primeiros rituais de iniciação mediúnica no terreiro, e que habilita quem o recebe para as próximas etapas de integração à corrente de trabalho. Também existe o sacramento do batismo para os filhos dos umbandistas, realizado de forma diferente e estabelecido de acordo com a orientação da chefia espiritual do terreiro.

BATUQUE — Nome dado a alguns terreiros e centros espíritas em vários lugares do Norte, sobretudo na Bahia e no Amazonas. Batuque é também o nome das danças que os escravos africanos praticavam sob o som de instrumentos de percussão. No Rio Grande do Sul, corresponde ao ritual da Umbanda, propriamente dito.

BEIJADA — Nome dado à falange constituída de espíritos de luz que se apresentam como crianças. Também se diz ibeijada.

BEIJIS — Corruptela de Ibeji, Orixás gêmeos africanos que correspondem, no
sincretismo afro-brasileiro, aos santos católicos Cosme e Damião. Também pode representar entidade da linha de Yori.

BENGUELA — Região do sul da África, responsável pelo envio de milhares de escravos ao Brasil. Tornou-se denominação dos indivíduos provenientes desse local — “os benguelas”.

BENJOIM — Resina extraída da solidificação do soro proveniente de cortes no caule do benjoeiro (Styrax benjoin); utilizada em banhos e defumações.

BENZEDURA — Conjunto de procedimentos (orações, gestos, manipulação de ervas) empregado para curar doenças.

BERIMBAU — Instrumento musical de origem africana, constituído de um arco feito de uma vara de madeira, um fio metálico preso nas extremidades da vara e uma cabaça que funciona como caixa de ressonância. O tocador de berimbau percute o fio com algum acessório (pedra, a vareta) para produzir os sons do berimbau.

BICO-DE-PATOMachaerium nictitans. É o nome como é conhecida uma planta de uso freqüente em defumações, com ação para desfazer trabalhos e afastar fluidos nocivos para pessoas ou ambientes.

BINGA — Recipiente feito de chifre, normalmente usado para guardar pólvora e acender fogo.

BOIADEIROS — Linha de trabalho da Umbanda, formada por espíritos que se identificam sob a apresentação fluídica de sertanejos, condutores e tratadores de gado, representado a força de vontade, a luta através do trabalho, o detemor

BOLAR NO SANTO — início incompleto de transe que ocorre com médiuns iniciantes.

BOMBO-GIRA — Denominação de Exu (culto de nação). Deu origem à corruptela “Pomba-gira” (vd.).

BRADA-MUNDO — Planta de folhas muito usadas para banhos e defumações, sendo também um poderoso condensador de fluidificações e grande atrativo de forças benéficas.

BREVE — Oração guardada numa espécie de envelope de couro ou pano, utilizado por seu possuidor para protegê-lo de perigos e dificuldades.

BURRO — Médium (termo geralmente usado por Exus/Pombas-giras).

BÚZIOS — São pequenas conchas marinhas, empregadas como adornos, amuletos ou mesmo oráculos, em alguns terreiros.

 

C

CAAPOMANGAPlumbago scandens L. Também chamada de caapomonga, louco, erva-de-diabo. Planta sub-arbustiva usada na medicina popular como anti-reumática, contra dores de dentes, bem como em problemas dermatológicos e digestivos — mas sua ingestão pode causar reações tóxicas. Muito usada em trabalhos de terreiro.

CABAÇA — Fruto do cabaceiro (Lagenaria vulgaris), utilizado para confeccionar utensílios domésticos (cuias, vasilhas, etc) ou mesmo instrumentos musicais. Também chamada de porongo ou coité.

CABANA — Casa rústica ou palhoça. É o nome também dado aos lugares onde são instalados terreiros ou centros.

CABEÇA DE LEGIÃO — Nome dado aos exus coroados; são os mais elevados dentro da hierarquia dos exus.

CABEÇA FEITA — É como é denominado o médium que se desenvolveu e foi cruzado em terreiros que empregam esse ritual, tendo um Protetor ou Guia como chefe espiritual.

CABEÇA MAIOR — Pessoa de alta hierarquia no templo, geralmente o dirigente.

CABOCLO — Designação dos Guias de uma das três formas de apresentação na Umbanda. Alguns autores estabelecem os Caboclos como uma linha de trabalho (vd.). Dentro das Sete Linhas (vd.), trabalham com as seguintes: Oxalá (estes não incorporam, somente passam vibrações), Ogum, Oxossi, Xangô e Iemanjá. Embora se apresentem como guias das raças ameríndias, não são necessariamente entidades que viveram encarnadas como índios: costumam assumir essa forma fluídica de apresentação para facilitar a comunicação com os encarnados e para representar, simbolicamente, o que podemos chamar de “segundo período” da experiência humana — a maturidade — caracterizada pelo vigor, a pujança, a coragem e a determinação, aliados à simplicidade do silvícola e à sua intrínseca ligação com a natureza. Juntamente com as (vd.) crianças e os (vd.) pretos-velhos, formam o (vd.) triangulo fluídico.

CACHIMBO — Muito usado nos trabalhos de terreiro, normalmente por pretos-velhos, como veículo de manipulação astral das energias liberadas pela combustão do fumo.

CAIR DE SANTO, CAIR EM TRANSE — Entrar em transe mediúnico, isto é, quando o médium está pronto para receber seu Guia.

CALANDRINIA — É um gênero botânico da família Portulacaceae. Usada em banhos e defumações.

CALUNGA PEQUENA — Cemitério. Para os bantos, Kalunga significava a travessia do mundo dos vivos para o mundo dos mortos. Por associação, passou a chamar-se calunga o local onde os corpos das pessoas são enterrados. O termo “pequena” é a contraparte de calunga grande (vd.).

CALUNGA GRANDE — Oceano, mar. Além da alta taxa de mortalidade durante seu transporte nos navios negreiros (quando se jogavam os corpos dos mortos no mar), para muitos nativos da costa africana os europeus levavam negros em seus navios para devorá-los, e as viagens marítimas significavam a morte certa.

CAMARINHA — É o nome dado à prática existente em alguns terreiros, que consiste em concentrar os iniciados em um recinto especial durante alguns dias, enquanto perdurar o desenvolvimento da mediunidade e aprendizagem de assuntos relacionados aos trabalhos de terreiro, mediante práticas ritualísticas rigidamente estabelecidas. Termina com a Saída de Camarinha, cerimônia na qual os iniciados são formalmente apresentados.

CAMBINDA — Corruptela de Cabinda, região de Angola (vd.) e hoje uma de suas províncias. Uma infinidade de escravos no Brasil era chamada de negros cambindas – o que ocasionou, na Umbanda, o emprego desse termo na designação de muitos Pretos-Velhos (ex. Pai José Cambinda).

CAMBONO, CAMBONE — Auxiliar de Médiuns de Incorporação, teve o necessário desenvolvimento para poder auxiliar e atender aos Guias nas necessidades das sessões. Auxiliar de culto. Em giras de atendimento, pode auxiliar o consulente, caso o mesmo encontre dificuldades de compreensão na mensagem transmitida pela entidade comunicante.

CAMUTUÊ — Cabeça (do quimbundo kamutue, cabecinha).

CANDOMBLÉ — Religião afro-brasileira. O culto religioso costuma distinguir-se pelas suas designações regionais: Candomblé (leste-setentrional, especialmente Bahia), Xangô (nordeste-oriental, especialmente Pernambuco), Tambor/Tambor de Minas (nordeste ocidental, especialmente São Luís do Maranhão), Candomblé-de-caboclo (faixa litorânea, da Bahia ao Maranhão), Catimbó (Nordeste), Batuque (região meridional — Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), Babaçuê (região setentrionaL — Amazonas, Pará e Maranhão), Macumba (Rio de Janeiro e São Paulo).

CANELA-PRETAOcotea catharinensis Mez. Também chamada Pau-de-Sant'Ana. Árvore da flora brasileira ameaçada de extinção do ecossistema da Mata Atlântica. Sua casca tem propriedades medicinais, principalmente como adstringente, em problemas digestivos. Muito empregada para banhos e defumações de limpeza, bem como no preparo de amuletos.

CANGERÊ — Reunião de pessoas para rituais de religiões africanistas, ou o local onde se dá tal reunião. Também pode significar trabalho com fundo de feitiçaria visando fazer mal a alguém.

CANGOMA — Tambor pequeno (do quimbundo, ngoma, em sua forma diminutiva, kangoma).

CAÔ BECILHÊ, CAÔ CABECILE, KAÔ (idem) — Saudação iorubana a Xangô: Kawô Kabiecile!, onde Ka (permita-nos); (olhar para); Ka biyê si (Sua Alteza Real); le (complemento de cumprimento a um chefe) — Permita-nos olhar para Vossa Alteza Real!

CAPANGUEIRO — Termo usado no sentido de companheiro.

CARAJURUArrabidaea chica. Também chamada chica, cipó-cruz, paripari, guajuru. Planta de propriedades medicinais, usada como adstringente, antidiabética, antiinflamatória, cicatrizante, desinfetante, emoliente, expectorante, fortificante. Possui grandes propriedades mágicas, muito empregadas em diversos tipos de trabalhos.

CARICÓ — Templo, Terreiro. Também pode significar gira.

CARMA/KARMA — Termo originário do sânscrito, que significa “ação”. Nas filosofias orientais, o conjunto das ações dos homens e suas conseqüências. Estabelecido nas doutrinas espiritualistas como equivalente da lei de causa e efeito; também chamado de: lei de ação e reação, lei do retorno, lei da causalidade.

CARREGADO — Indivíduo que está sendo vítima de vibrações espirituais nocivas. Normalmente, sente um mal estar inexplicável e sintomas físicos inespecíficos. Portadores de algum grau de sensibilidade mediúnica conseguem identificar a presença dessas vibrações.

CARTOLA — Médico (medicina tradicional).

CARURU — Várias espécies do gênero Amaranthus. Algumas variedades são comestíveis. Planta medicinal (digestiva, diurética) muito conhecida e de grande uso nos terreiros.

CASA BRANCA — Hospital.

CASA DAS ALMAS — Pequeno cômodo do terreiro destinado aos Pretos Velhos e aos fundamentos das almas. 

CASA DE GRADE — Cadeia.

CASA DE MINAS — É o nome como se denominam os terreiros em alguns pontos do Norte e Nordeste do Brasil.

CASA LIMPA — Templo livre de más influências e de demandas.

CASEBRE — Além de designar casa pobre ou rancho, pode também significar o lugar destinado para os trabalhos de terreiro.

CASSAIÚAristolochia cymbifera. Também conhecida como cassaú, cipó-mata-cobra, jarro-do-diabo, mil-homens, papo-de-peru. Planta medicinal (anestésica, antiespasmódica, antiinflamatória) muito usada para banhos e defumações, por seu grande valor como dispersador de fluidos nocivos.

CATIMBAU — Cachimbo velho, tosco. Também sinônimo de catimbó (vd.), querendo significar prática de feitiçaria.

CATIMBÓ — Termo popular no Nordeste do Brasil. Pode significar terreiro onde baixam caboclos (vd.) ou prática de magia negra.

CATIMBOZEIRO — Termo para chefe de catimbó, no sentido de feiticeiro.

CAUÍZA/GAUÍZA — Palavra de significado pouco esclarecido, encontrada com freqüência em alguns cânticos de Umbanda e Candomblé; pode-se deduzir que se trata de um dos nomes de Oxóssi.

CAVALO — Médium dos Guias na Umbanda. O mesmo que aparelho.

CAZUÁ/ CANZUÁ — Terreiro, templo, local de referência. Também pode significar “casa” (do quimbundo, nzua, cabana).

CERA DOS TRÊS REINOS — Produto composto de cera de carnaúba, cera de abelha e parafina, representando os reinos vegetal, animal e mineral.

CHAKRA — “Roda”, em sânscrito. Chacras são centros energéticos do corpo humano, também chamados de vórtices ou centros de força. Instalados no perispírito (vd.), localizam-se em pontos específicos; ligam-se ao corpo físico através dos gânglios e plexos nervosos. O tamanho e a dinâmica desses discos variam de acordo com a condição evolutiva espiritual de cada indivíduo. Absorvem energias do ambiente para o corpo físico, funcionando como acumuladores e distribuidores de energia.

CHEFE DE CABEÇA — Entidade Guia chefe do médium. 

CHEFE DE FALANGE — Entidade espiritual de hierarquia imediatamente inferior ao chefe de legião (vd.). Não se manifesta, diretamente, através de incorporação.

CHEFE DE LEGIÃO — Entidade de grande evolução espiritual, é líder de uma legião (vd.). Não se manifesta, diretamente, mediante incorporação.

CHEFE DE TERREIRO — O mesmo que dirigente espiritual.

CHOQUE DE RETORNO — Ação de voltarem as más vibrações de um feitiço que não produziu o efeito desejado contra seu destinatário. Nesse caso, acaba sendo atingido, de alguma forma, quem o fez ou encomendou. Isso não acontece como um castigo: trata-se de um princípio básico das leis da Natureza: para todo efeito, existe uma causa.

CHUMBADO — É quando uma pessoa é alcançada por uma carga fluídica negativa, ou seja, uma espécie de enfeitiçamento produzido por trabalho de magia negra.

CINDA — Um dos nomes do orixá Oxum (do quicongo Nsinda).

CLARIVIDÊNCIA — Faculdade de ver sem o auxílio dos órgãos da visão. Refere-se à percepção de imagens no momento presente, diferentemente da pré-cognição ou premonição (imagens que prenunciam um evento futuro) ou da psicometria (imagens referentes ao passado alheio ou relativas ao passado de algum objeto, ambiente ou situação).

COISA FEITA — trabalho feito para levar o mal a alguém, despacho maléfico, feitiço, bruxaria.

COMADRE — Uma das formas pelas quais podem ser chamadas as Pombas Giras.

COMIDA DE SANTO — Comida ritual votiva de um Orixá, também chamada de Amalá; oferenda comum nos terreiros dos cultos africanistas (nação) e em alguns terreiros de Umbanda.

COMPADRE — Um dos termos usados para chamar os Exús. Alguns autores entendem que esse termo qualifica exus de grau evolutivo menor.

CONDENSADOR FLUÍDICO — Material (sólido ou líquido) que tem a capacidade de concentrar, acumular, aumentar e manipular fluidos eletromagnéticos.

CONFIRMAÇÃO — Cerimônia integrante do processo de iniciação dos médiuns no trabalho do terreiro; segue um roteiro previamente estabelecido pelas entidades dirigentes da casa e contempla aqueles que já foram submetidos ao Batismo (vd.)

CONGÁ, CONGAR — Pegi. Altar disposto em local de destaque no terreiro. Atraindo para si a atenção e a concentração de trabalhadores e consulentes, funciona como um transformador de energias: direciona para si todas as variedades de pensamentos positivos e negativos que pairam sobre o terreiro, condensa essas energias, depura/escoa as negativas e amplia/distribui as positivas. Importantíssimo na sustentação da egrégora (vd.), alimenta e protege energeticamente os trabalhos.

CONGO — País do centro-oeste da África. Origem de uma infinidade de negros trazidos ao Brasil como escravos. O Povo do Congo forma uma das vertentes de trabalho dos Pretos Velhos.

CONSAGRAÇÃO — Cerimônia integrante do processo de iniciação dos médiuns no trabalho do terreiro; segue um roteiro previamente estabelecido pelas entidades dirigentes da casa.

CORDÃO FLUÍDICO — Conduto energético que liga o perispírito (vd.) e, conseqüentemente o espírito ao corpo físico, quando dos desdobramentos; também chamado de cordão astral, cordão fluídico, cordão de luz, fio de prata, cordão perispirítico. Assim, o corpo material fica ligado por tal cordão ao seu espírito, que então se desprende para interagir no mundo espiritual durante o período de sono.

CORPO ASTRAL — Sinônimo de perispírito (vd.).

CORPO LIMPO — Condição do médium que tenha tomado determinados cuidados com seu corpo físico para participar do trabalho espiritual: abstinência de álcool/ carnes/atividade sexual; alguns terreiros vedam a participação das médiuns no período menstrual; banhos de descarga, etc.

COSME E DAMIÃO — Santos católicos, irmãos gêmeos. Sincretizados na Umbanda com Ibeji (vd.).

CRAVODianthus caryophyllus. Flor do craveiro, utilizado em banhos de descarga, bem como em defumações e outros trabalhos de terreiro.

CRIANÇAS — Designação dos Guias de uma das três formas de apresentação na Umbanda (vd. Triângulo Fluídico). Alguns autores estabelecem as Crianças como uma linha de trabalho (vd.). Compõem um conjunto de espíritos que atuam dentro da linha de Yori. Não se trata de espíritos de pessoas que morreram na infância: são entidades de altíssima evolução moral que assim se apresentam para simbolizar o primeiro período da existência humana e a inocência, a pureza e a alegria que os homens devem procurar dentro de si e externalizar em benefício próprio e de seus semelhantes.

CRUZAMENTO — Imantação, fixação de forças. Pode ser aplicado a objetos (guias, patuás) mediante o ritual específico de cruzamento feito pelo sacerdote. O cruzamento do terreiro, por sua vez, faz parte do ritual de abertura dos trabalhos. Alguns terreiros promovem o cruzamento do médium, com cruzes feitas com a pemba em vários locais de seu corpo, durante o processo de iniciação.

CUIPEÚNATibouchina mutabilis. Também conhecida como manacá-da-serra, flor-de-quaresma. Árvore muito comum na região de mata atlântica. Suas flores são muito usadas em trabalhos, em banhos e defumações.

CURIADORES — Nome dado às bebidas (não necessariamente alcoólicas) que são utilizadas por entidades espirituais com finalidades magísticas. Alguns terreiros não utilizam bebidas alcoólicas dessa maneira, outros não se utilizam desse termo; outros, por sua vez, utilizam os curiadores no cotidiano com a conotação dos cultos de Nação (bebidas de preferência de cada orixá para uso ritualístico).

CURIMA — Trabalho, atividade laborativa (do quimbundo kudima, trabalhar na lavoura, cultivar).

CURIMAR — Cantar (do quimbundo kuima, cantar) ou trabalhar (do quimbundo kudima, trabalhar na lavoura).

CURIMBA — Música. Conjunto de instrumentos musicais do terreiro, ou seus cantores (do quimbundo kuimba, cantar).

CURIMBAR — Cantar (vd. curimba).

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