sexta-feira, 22 de maio de 2009

Release do Cd “UmBanda em Nós”

O cd “UmBanda em Nós”, de Liz Hermann, é tão bom que estou atualizando minha opinião neste post. Chegou rápido, numa embalagem segura e bem protegida. É uma produção altamente profissional, da qualidade da gravação ao material gráfico e tudo o mais. A voz de Liz é um encanto, e as composições de sua filha Aline são inspiradíssimas. Os arranjos são preciosidades, executados por um grande time de músicos. Ótima opção para quem gosta de bom samba (samba de verdaaaade, não de umas coisas meio estranhas que aparecem de vez em quando) e para quem quer uma alternativa aos pontos cantados . É tão bom que pensei em destacar algumas faixas, mas não deu: sou obrigada a comentar todas!

Dona da Pureza é um belo cartão de visita: a figura adorável e formosa de Oxum - o botão de rosa dos orixás - foi escolhida para apresentar esse cd; a qualidade do samba já se faz perceber e anuncia o trabalho de qualidade que vamos ouvir.

A combinação de cordas e percussão em Mareá Marinheiro lembra as canções elegantes e dolentes de Caymmi. “Tenho seu semblante no braço/ e o seu carinho no coração”… dá até nó na garganta. Composição classuda demais!

A nuance marcadamente intimista de Odoyá é uma escolha de ótima cumplicidade para homenagear a orixá das nossas dores mais secretas e pungentes. O backing vocal de Francine Lobo aperta de vez o tal nó na garganta. Seguramente, uma das melhores faixas deste cd.

Depois de uma experiência pessoal muito ruim, em Salvador, pensei em nunca mais voltar. Ouvir Salve os Baianos me fez mudar de idéia; a cuíca, o violão (excepcional), a flauta e a percussão dão um tom alegre e empolgante a essa canção. A introdução, com berimbau, é uma perfeição.

A flauta e o cavaquinho que permeiam Cantos Ciganos marca a brejeirice dessa composição. A letra é de uma sutileza muito interessante.

Leva daqui é uma ótima pedida pra espantar o baixo astral e pra ouvir a caminho do trabalho (ou do dentista; ou do banco… enfim, leva embora a ziquizira de vez!).

Em Jurema, uma batida animada homenageia essa cabocla, finalizando com um coro arrepiante: “Bate o pé no chão/deixe o corpo balançar/sinta a força de Oxóssi/que veio pra ficar”. E fica mesmo!

Jorge Guerreiro me fez lembrar dos grandes sambistas do Rio de Janeiro; a bênção, meu pai!

Patuá de Oxalá traz o refrão “Aqui tem/aqui tem Orixá/ quem não pode com mandinga/ nem carrega patuá”, que simboliza a força interior dos filhos-de-fé, aquela que só quem tem é que sabe. Palmas ritmadas enriquecem seu trecho mais emocionante.

Um sambão saboroso, bem à moda de um Martinho da Vila, homenageia o povo do cativeiro, em Roda de sinhá; dá até pra imaginar a pretinha velha chegando ao som delicioso do trombone. Salve o povo de Yorimá!

Filho de Xangô consegue apresentar a força dessa figura poderosa, sem a sisudez com que às vezes é vista; destaque para o pandeiro e o trombone cheios de bossa.

Fiquei ouvindo Deusa dos Ventos morrendo de saudade da Clara Nunes; pra mim, pelo menos, essa faixa não homenageia apenas Iansã, mas a nossa saudosa guerreira.

Como filha de Yori, quase me sentei no chão ouvindo Alegria de Erê, que combina trechos de cantigas infantis com a homenagem às Crianças. Coisa de gênio.

Em Rainha do Poder, a figura fascinante da Pomba-gira vai girando numa cadência charmosa.

Os sambas de conteúdo rico e reflexivo de Paulinho da Viola foram a primeira coisa de que me lembrei ao ouvir Sou a Porta; o backing vocal é uma atração à parte, e me troxe a forte lembrança dos sambas que eu ouvia na infância, na década de 70. Bons tempos…

Eu vou, eu vou conta a trajetória de um filho de Umbanda. Apesar de não ter passado por isso (eu? ‘maginaaaa, de jeito nenhum, nenhunzinho…), indico a faixa pros irmãos na fé: simplesmente impagável!

O cd está à venda no site da Liz Hermann. Antes que alguém pense que este post é jabazístico, lembro que este blog não é monetizado, e convido qualquer leitor mais desconfiado a discordar desta postagem, após ouvir o cd: vai acabar concluindo que a “rasgação de seda” não é exagero nenhum.

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sábado, 9 de maio de 2009

Cds de Pontos Cantados de Umbanda

UmBanda em Nós –Liz Hermann
Studio 440 – 2009

Preço: R$19,90

http://www.lizhermann.com.br/cd.htm

Direção Geral: Ricardo Martinez

Hoje eu estava navegando pela web, em busca de cds com pontos cantados e tive a grata surpresa de me deparar com esta preciosidade e, claro, já fiz a minha encomenda. O álbum é composto por 16 músicas, de autoria da filha de Liz Hermann – Aline Hermann. No próprio site podemos ouvir um trecho de cada faixa e adquirir o cd. Recomendo!

Amacy – Dudu Tucci

Weltwunder Records – 2005

Preço: R$ 51,74

http://www.dudu-tucci.de/

Este é um dos cds mais belos e fiéis aos pontos cantados da nossa Amada Umbanda. Conta com 26 pontos tradicionais, desde a abertura até o encerramento. Imperdível! Dudu Tucci é brasileiro, percussionista e cantor e vive atualmente na Alemanha. Eu não encontrei o cd para comprar, mas adquiri as músicas no site imúsica, por R$ 1,99 cada.

Toques de Umbanda – Zé Maurício

Dubas – 1999

Preço: R$ 27,86

http://www.dubas.com.br/

Apesar da longa pesquisa, não consegui obter informações detalhadas sobre este cd, entretanto adquiri algumas faixas no site imúsica e gostei muito do que ouvi. Em sua maioria, são pontos tradicionais de louvação aos Orixás.

Uma História de Umbanda – Grupo Aruanã

Arranjos e produção: Maestro Areia Lima

Preço: indisponível

Site do Grupo Aruanã

Outro maravilhoso acervo de canções umbandistas, o cd do Aruanã emociona. Grupo formado por umbandistas dos anos 70, neste cd eles mesclam axé, samba e até sertanejo e o resultado é belíssimo. No site do grupo, podemos apreciar algumas de suas gravações e eu destaco a música que dá nome ao disco – Uma História de Umbanda. Não encontrei uma forma de adquirir o cd, mas o mesmo pode ser apreciado em sites como esnips.

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domingo, 3 de maio de 2009

Livro: Umbanda Mitos e Realidade

UMBANDA MITOS E REALIDADE

AUTOR: Mãe Iassan Ayporê Pery (Centro Espiritualista Caboclo Pery)

ANO DE PUBLICAÇÃO/ EDITORA: não se aplica

O conteúdo deste livro está disponível para download no site do Centro:

www.caboclopery.com.br

Para a reprodução de seu conteúdo, a autora pede que seja citada a fonte.

AVALIAÇÃO: A obra expõe aspectos vivos e interessantes da Umbanda; fala sobre os Orixás – como podem ser compreendidos como conceito e como influência arquetípica; combinações entre essas influências e suas representações nos diversos sítios da natureza; a importância absoluta de entendermos a Umbanda como exercício da caridade e de dispensarmos discussões intermináveis sobre a origem, os elementos de rito, as tradições de cada Casa...

Dentre suas muitas contribuições, acho que a principal reside numa apresentação simples e clara sobre o tema “Orixás”, a quem nos dirigimos quando nos referimos a eles e por que devemos fazê-lo, como instrumento de religião – “re-ligação” com nosso Pai Celestial:

“Ficarmos discutindo dogmas deste ou daquele Orixá nos leva a compreensão das forças da natureza sim, mas deve objetivar apenas isto e não a imposição de uma única Verdade.

A única verdade da Umbanda é a Caridade e o Amor, o resto são formas de culto que variarão de região para região, de terreiro para terreiro e devem ser respeitadas.”

Apesar dos seus ricos conhecimentos e da bibliografia de porte, a leitura é agradável; a linguagem é bacana e descontraída. É obra que não pode passar batida para quem quer aprender mais sobre essa fonte de Vida que é a nossa Umbanda.

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Livro: Técnica da Mediunidade

 

Técnica da Mediunidade

AUTOR: Carlos Torres Pastorino

ANO DE PUBLICAÇÃO: 1969?

EDITORA: ver nota abaixo

Este livro foi encontrado à disposição na internet, em duas fontes diferentes: o scribd, um serviço de compartilhamento de textos online, na íntegra , e no Portal do Espírito, site sem fins lucrativos que disponibiliza materiais de pesquisa e consulta sobre o Espiritismo. Tem muito material interessante lá! Se quiser fazer o download desta obra, dê preferência ao pessoal do Portal, e aproveite pra fazer uma contribuiçãozinha, porque a iniciativa é admirável, temos que incentivar (não é popaganda, não, é reconhecimento: não conheço a galera e não tenho nenhum interesse pecuniário em relação ao site).

AVALIAÇÃO: A vida de Carlos Juliano Torres Pastorino, por si só, já merece livro; algumas informações sobre o famoso autor de “Minutos de Sabedoria” estão disponíveis no próprio acervo do scribd.

Na presente obra, Pastorino discorre sobre as faculdades mediúnicas sob a luz de nossas ciências “formais”, como a Física e a Biologia. Assim, ao longo de todo o texto, vai nos lembrando de princípios científicos (como o conceito de onda eletromagnética) e estabelecendo paralelos no terreno mediúnico (no exemplo em questão, abordando o pensamento enquanto onda eletromagnética e a importância de sua elevação moral como forma de alterar-lhe o comprimento e o alcance).

A primorosa qualidade do texto revela os extensos conhecimentos do autor sobre as ciências acadêmicas, mas também sobre o terreno vasto, espinhoso e desafiador das doutrinas espiritualistas que se estruturam na mediunidade.

Em alguns momentos, é necessário um esforço adicional para manter a concentração (atire a primeira pedra quem nunca achou maçante estudar eletricidade, fisiologia ou coisa que o valha), mas o esforço é plenamente recompensado: não há meio de ler essa obra, sem concluir que os fenômenos mediúnicos não são nada “sobrenaturais”, misteriosos ou mágicos: são apenas belas manifestações das leis da Natureza.

Infelizmente, não encontrei a obra impressa para lhe prestar os devidos créditos autorais; se algum irmão tiver notícias nesse sentido, pode nos avisar. É obra de primeira qualidade, uma das minhas favoritas; o livro é de babar, mesmo!!

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Livro: O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda

Esta seção pretende relacionar publicações interessantes sobre Umbanda – e Espiritismo, já que utilizamos muitas obras espíritas no cotidiano. Às vezes, chego a ter algumas ressalvas em relação a conteúdo, mas encontro muito material bacana. Boa leitura!

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O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda

AUTOR: Leal de Souza

ANO DE PUBLICAÇÃO: 2008 (2ª edição)

EDITORA: Editora do Conhecimento

AVALIAÇÃO: Antônio Eliezer Leal de Souza foi jornalista, poeta, ensaísta, militar… e escreveu os primeiros livros sobre a Umbanda. O primeiro é de 1925: “No Mundo dos Espíritos” (ainda acho esse…). Em 1933, escreveu a primeira edição de “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda”. Tratava-se de um livro extremamente raro, até que, em 2008, foi editado pela segunda vez, por iniciativa altamente louvável da Editora do Conhecimento.

No início do século XX, imperava uma profusão de cultos e rituais estranhos e voltados ao baixo espiritismo. Era necessário esclarecer a opinião pública e as autoridades sobre a real natureza da doutrina umbandista, para evitar a discriminação de seus adeptos e até a prisão de seus dirigentes. Apesar de jornalista, Leal de Souza nunca usou de sua profissão para promover proselitismo religioso, passando a escrever sobre o assunto por iniciativa de jornais como o “Diário de Notícias” e “A Noite”, interessados na repercussão que o assunto tomava à época.

Assim, o livro é uma compilação desses artigos. São textos sintéticos, mas estruturados brilhantemente: acabamos vislumbrando um panorama das práticas espirituais da época, mediante um contraponto entre a Umbanda e as práticas de magia negra. O autor também discorre sobre a importância de Zélio de Moraes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas; as “sete linhas brancas”; os orixás, guias e protetores.

Vários outros temas, muito interessantes, estão nesse livro singelo, mas fundamental para quem quiser saber mais sobre a Umbanda, em suas raízes: Leal de Souza foi frequentador da Tenda Nossa Senhora da Piedade durante anos, e dela só se afastou para atender às instruções do Caboclo das Sete Encruzilhadas, que o incumbiu de dirigir, pessoalmente, a Tenda Nossa Senhora da Conceição.

Para quem está acostumado com a linguagem mais ágil e informal da imprensa de hoje, ou até com o miguxês da Internet, a linguagem aqui é um tanto rebuscada, mas não chega a ser cansativa; é um livro “brejeiro”, com 139 páginas que aparentam ser menos; livro pra se ler de um fôlego só: curti muito, e pretendo reler!

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E, finalmente,… o começo!

Tive uma cabeleireira que saltou de para-quedas pela primeira vez com 61 ou 62 anos. Na época, achei pra lá de radical, mas não deu pra conversarmos muito sobre o assunto: a maluca estava mais interessada em me convidar pra uma trilha nos Andes (queria fazer trekking na Trilha Inca pela segunda vez. Juro que é verdade!). Então, não tenho muita certeza, mas pra saltar (skydiving) deve ser assim: você procura uma escola, esclarece suas dúvidas, passa por algumas avaliações, paga os valores combinados, tem aulas teóricas e práticas e, finalmente, tcha-tchaaaam! Lá está você, voando pelos céus…! Issaaaaa!

Bem, acho que o friozão na barriga que antecedeu meu primeiro trabalho de desenvolvimento deve ser meio parecido com o skydiving. Depois de definir meu novo horário de trabalho e passar meses esperado ansiosamente o início de uma nova turma, numa noite de quarta-feira, lá estava eu, de roupinha branca nova em folha. Antes de sair de casa, já tinha feito minha firmeza para o Anjo da Guarda e tomado um banho com o trio alecrim-arruda-guiné.

Até aí, a única diferença em relação ao vôo foi a ausência de cobrança de pagamento; a aula teórica abordou alguns aspectos da doutrina umbandista, com ênfase para a prática da Casa. Estava muito tensa para sentir qualquer vibração mais sutil da Espiritualidade, e no meio da aula a única dúvida que tive foi: “meu Deus, quequeutôfazendoaqui, meu Deus, quequeutôfazendoaqui?”. Pensei que essa paúra era natural (imagina num curso de vôo livre) e tentei relaxar.

Bom, aí acabou-se a aula teórica. Nossos Pais e Mães, os médiuns da corrente, colaboradores, curimbas e nós, iniciandos, tinhamos que subir. “Como, subir? No avião, quer dizer, no abaçá? Assim? Já? Não dá pra tomar uma aguinha primeiro?”. Dava, mas não precisava. “Não dá pra assistir aqui mesmo, hoje, e subir na próxima?”. Talvez desse, mas não ia fazer diferença: um  dia, a gente precisa subir no avião, não foi pra isso que buscamos o curso, uai?

Subimos entoando o ponto de abertura do trabalho, que transcorreu de forma muito semelhante às giras de atendimento a que estava acostumada. Após a incorporação dos Guias pelos dirigentes e trabalhadores da Casa, fomos orientados a formar um semi-círculo. “E agora? e agora?”. Entendi que era nosso momento de “dar passagem” às nossas entidades; pensei: “calma, você já tem recebido seus guias; relaxa, se concentra, ouve o ponto, sente a vibração, firma seus pensamentos, tudo vai dar certo…”. Mentalizei o caboclo que já havia recebido algumas vezes. Como sempre, foi tudo meio sutil – as imagens, as sensações, a subida. A mesma sensação de incerteza - “sou eu ou a entidade?”, a mesma dúvida na hora da subida - “é agora? acabou?” Sem saber direito o que fazer, fui retornando à formação original da corrente, e os trabalhos se encerraram como de costume. Nem cheguei a conversar com os guias da Casa: qual das minhas 4628 perguntas eu faria primeiro?

Voltei pra casa ainda sob a agradável vibração da minha entidade, mas muito perdida e confusa. Dormi meio chateada, apesar do acolhimento do pessoal aqui de casa; só melhorei de humor ao longo do dia seguinte.

Sim, a associação do desenvolvimento mediúnico com a preparação para vôo livre não é tão descabida – pelo menos pra mim. Em ambas as situações, a gente procura uma escola (e o meu coração mora nesta), em ambas passamos por avaliações (o scan de várias entidades foi espontâneo e unânime), em uma delas pagam-se os valores pertinentes (na outra não), em ambas nós recebemos aulas teóricas e passamos à prática. A partir desse ponto, creio que as semelhanças ainda possam continuar: a certeza de que tem muita pergunta sobrando, um leve e discreto pânico (e mãos suando, frio na barriga, boca seca, taquicardia, e coisinhas assim sutis, das quais a gente nem se envergonha, imagina…), um clímax rápido, um certo atordoamento quando tudo termina, a impressão de que a gente não captou a coisa direito… e – principamente - a vontade de fazer tudo de novo. Radicaaaal!!!!

Hoje, penso que eu não sabia, mesmo, é dizer do que exatamente eu estava precisando. Creio que poderia, perfeitamente, ter pedido toda a ajuda que quisesse, a qualquer momento e a qualquer pessoa. A sensação de holding familiar que temos lá é muito bacana, fortalece o grupo e  dá sentido ao esforço de cada um; o resultado só pode ser algo tão encantador quanto este outro trabalho em equipe:

Em tempo: como na primeira foto, a gente salta, sim, com um instrutor, tanto no skydiving quanto no desenvolvimento mediúnico e, nesse último, com o privilégio de termos mais de um deles por salto: nós é que podemos não vê-los ou senti-los tão bem no começo, mas sua presença e condução são indispensáveis para todo o processo (e pra sempre): salvem nossos Guias e Anjos da Guarda!

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