domingo, 3 de maio de 2009

E, finalmente,… o começo!

Tive uma cabeleireira que saltou de para-quedas pela primeira vez com 61 ou 62 anos. Na época, achei pra lá de radical, mas não deu pra conversarmos muito sobre o assunto: a maluca estava mais interessada em me convidar pra uma trilha nos Andes (queria fazer trekking na Trilha Inca pela segunda vez. Juro que é verdade!). Então, não tenho muita certeza, mas pra saltar (skydiving) deve ser assim: você procura uma escola, esclarece suas dúvidas, passa por algumas avaliações, paga os valores combinados, tem aulas teóricas e práticas e, finalmente, tcha-tchaaaam! Lá está você, voando pelos céus…! Issaaaaa!

Bem, acho que o friozão na barriga que antecedeu meu primeiro trabalho de desenvolvimento deve ser meio parecido com o skydiving. Depois de definir meu novo horário de trabalho e passar meses esperado ansiosamente o início de uma nova turma, numa noite de quarta-feira, lá estava eu, de roupinha branca nova em folha. Antes de sair de casa, já tinha feito minha firmeza para o Anjo da Guarda e tomado um banho com o trio alecrim-arruda-guiné.

Até aí, a única diferença em relação ao vôo foi a ausência de cobrança de pagamento; a aula teórica abordou alguns aspectos da doutrina umbandista, com ênfase para a prática da Casa. Estava muito tensa para sentir qualquer vibração mais sutil da Espiritualidade, e no meio da aula a única dúvida que tive foi: “meu Deus, quequeutôfazendoaqui, meu Deus, quequeutôfazendoaqui?”. Pensei que essa paúra era natural (imagina num curso de vôo livre) e tentei relaxar.

Bom, aí acabou-se a aula teórica. Nossos Pais e Mães, os médiuns da corrente, colaboradores, curimbas e nós, iniciandos, tinhamos que subir. “Como, subir? No avião, quer dizer, no abaçá? Assim? Já? Não dá pra tomar uma aguinha primeiro?”. Dava, mas não precisava. “Não dá pra assistir aqui mesmo, hoje, e subir na próxima?”. Talvez desse, mas não ia fazer diferença: um  dia, a gente precisa subir no avião, não foi pra isso que buscamos o curso, uai?

Subimos entoando o ponto de abertura do trabalho, que transcorreu de forma muito semelhante às giras de atendimento a que estava acostumada. Após a incorporação dos Guias pelos dirigentes e trabalhadores da Casa, fomos orientados a formar um semi-círculo. “E agora? e agora?”. Entendi que era nosso momento de “dar passagem” às nossas entidades; pensei: “calma, você já tem recebido seus guias; relaxa, se concentra, ouve o ponto, sente a vibração, firma seus pensamentos, tudo vai dar certo…”. Mentalizei o caboclo que já havia recebido algumas vezes. Como sempre, foi tudo meio sutil – as imagens, as sensações, a subida. A mesma sensação de incerteza - “sou eu ou a entidade?”, a mesma dúvida na hora da subida - “é agora? acabou?” Sem saber direito o que fazer, fui retornando à formação original da corrente, e os trabalhos se encerraram como de costume. Nem cheguei a conversar com os guias da Casa: qual das minhas 4628 perguntas eu faria primeiro?

Voltei pra casa ainda sob a agradável vibração da minha entidade, mas muito perdida e confusa. Dormi meio chateada, apesar do acolhimento do pessoal aqui de casa; só melhorei de humor ao longo do dia seguinte.

Sim, a associação do desenvolvimento mediúnico com a preparação para vôo livre não é tão descabida – pelo menos pra mim. Em ambas as situações, a gente procura uma escola (e o meu coração mora nesta), em ambas passamos por avaliações (o scan de várias entidades foi espontâneo e unânime), em uma delas pagam-se os valores pertinentes (na outra não), em ambas nós recebemos aulas teóricas e passamos à prática. A partir desse ponto, creio que as semelhanças ainda possam continuar: a certeza de que tem muita pergunta sobrando, um leve e discreto pânico (e mãos suando, frio na barriga, boca seca, taquicardia, e coisinhas assim sutis, das quais a gente nem se envergonha, imagina…), um clímax rápido, um certo atordoamento quando tudo termina, a impressão de que a gente não captou a coisa direito… e – principamente - a vontade de fazer tudo de novo. Radicaaaal!!!!

Hoje, penso que eu não sabia, mesmo, é dizer do que exatamente eu estava precisando. Creio que poderia, perfeitamente, ter pedido toda a ajuda que quisesse, a qualquer momento e a qualquer pessoa. A sensação de holding familiar que temos lá é muito bacana, fortalece o grupo e  dá sentido ao esforço de cada um; o resultado só pode ser algo tão encantador quanto este outro trabalho em equipe:

Em tempo: como na primeira foto, a gente salta, sim, com um instrutor, tanto no skydiving quanto no desenvolvimento mediúnico e, nesse último, com o privilégio de termos mais de um deles por salto: nós é que podemos não vê-los ou senti-los tão bem no começo, mas sua presença e condução são indispensáveis para todo o processo (e pra sempre): salvem nossos Guias e Anjos da Guarda!

2 comentários:

Boring Fantasy disse...

CARANBA!!! amei seu blog...

Estela disse...

Boring Fantasy, obrigada pelo retorno!

Estou trabalhando pra escrever mais e melhor!

Abraços!

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