quinta-feira, 2 de julho de 2009

Trabalho na mata: eu fui!

Então, numa dessas noites de quarta-feira, lá estava eu, assistindo a mais uma aula sobre doutrina de Umbanda. Tudo dentro da rotina, da paz… e da sensação emocionante de fazer parte de uma escola de skydiving – rsrs…

Terminada a aula, às vezes recebemos alguns recados antes de subir ao abaçá. Desta vez, foi um dos nossos Pais-de-Santo que veio para falar sobre o próximo trabalho na mata, programado para a semana seguinte. Qual não foi a minha surpresa, quando ele anunciou que – ao contrário dos demais trabalhos, sempre reservados aos médiuns - desta vez seria diferente: a Espiritualidade dera permissão para que nós, “o pessoal do desenvolvimento mediúnico”, também pudesse participar. Fiquei feito criança que ganha bicicleta no Natal!  Onde vamos? Como é que funciona? O que precisa levar? Vamos poder receber nossas entidades? Ah, quantas perguntas cabem na cabeça de quem não sabe nada… Fomos orientados sobre o local, o horário e as obrigações que teríamos que cumprir em casa, precedendo a saída. Subi ao abaçá mais animada que de costume; mal podia esperar…

O trabalho fôra agendado para a manhã de domingo. Na noite anterior, começou a chover. “E agora? Que pena, já pensou, termos que adiar?” Pensei nos irmãos que cuidaram do preparo do lugar ainda na manhã de sábado, e em como todos deveriam estar se sentindo. Pensei, também, que talvez não fosse a primeira vez que nossa Casa tivesse que lidar com as contingências da mãe Natureza, e que aceitar suas manifestações também é sinal de respeito e fé.

O domingo amanheceu com o sol se infiltrando por entre as nuvens; cuidei da minha firmeza e fui, confiante, encontrar meus irmãos em nossa Casa; tínhamos que levar algumas coisas conosco, e dividimos em alguns colos, bagageiros e porta-malas: quando me dei conta, tinha um atabaque no meu porta-malas! Afe! Que sensação interessante foi transportar um objeto de culto tão sagrado, capaz de alterar nosso estado de consciência e nos colocar em contato com um mundo intangível! Disposta a “logística”, seguimos em grupos para uma propriedade particular, fora da área urbana, gentilmente cedida por amigos da Casa. Pudemos contar com suas presenças respeitosas e simpáticas, com privacidade e com segurança, em local onde poderíamos garantir o respeito à conservação da área. Nossos Pais-de-santo cuidaram de nossa segurança física e espiritual, e demos início ao trabalho; contamos com um bom número de filhos da Casa, e a animação era geral (e se alguém estava com sono, disfarçou bem…).

O trabalho era destinado à promoção de equilíbrio mediúnico, e a energia de nossa egrégora era intensa e vibrante. De fato, um trabalho na mata - em contato com a terra, as árvores, um curso d’água – coloca em ação um padrão vibratório incomparável.  A chuva não voltou, e o sol me presenteou várias vezes, com a visão de seus raios por entre as árvores a resplandecer nas roupas brancas e nos sorrisos dos irmãos.

Sim, foi cansativo: foram horas em pé (eu sou meio urbanóide, é fogo ficar tanto tempo descalça no mato, rsrs), com a fome chegando, com o sol ficando mais corajoso, com a manifestação dos Guias (estou desavergonhadamente sedentária, preciso me cuidar com urgência)… mas voltei pra casa com muitos presentes (um bem-estar oceânico, uma paz profunda, uma leveza enorme) e ostentando orgulhosamente alguns “troféus de guerra”: um dedão esfolado, umas picadas de formiga, uma calça branca toda enfeitada com apliques de barro, uma dorzinha no corpo, típica de quem carregou um caminhão de mudança (o caminhão, não a mudança, kkk).

Tenho muito a agradecer aos nossos Pais e Guias de frente, pela oportunidade concedida; mesmo que não tenha sido esse o propósito principal de nossa inclusão, acredito que possa falar em nome de grande parte do corpo de iniciandos: nesse período de aprendizado, é muito importante a sensação de pertencer ao grupo e de ser validado por ele: é fraterno, é caridoso, é estimulante. No plano individual, devo confessar que a experiência foi enriquecedora demais: o processo de incorporação foi mais fácil; consegui “sentir” melhor a vbração das entidades e algo novo aconteceu: recebi uma Pomba-gira (que já havia se manifestado alguns dias antes) e ela conseguiu se comunicar comigo: não, não foi verbalmente: vejo minhas entidades mentalmente, mesmo que de forma imprecisa; desta vez, ela me transmitiu um conteúdo sem palavras, uma idéia, uma gestalt; senti, de alguma forma, que ela estava cuidando de mim e que continuaria a fazê-lo. Claro que, “mental” demais, continuo sem ter muita clareza para distinguir o que pode ser um conteúdo da minha própria cabeça ou a comunicação de uma entidade; mesmo assim, subi pela relva úmida no final daquela manhã com uma serena confiança na Espiritualidade que nunca mais me deixou.

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