“A Umbanda é linda…

...tão linda é

quando seus filhos são filhos de fé…”

(Ponto cantado)

É impossível não reconhecer o quanto a Umbanda é linda. É lindo acompanhar um ponto cantado de peito aberto; é lindo ver uma entidade de luz fazendo gestos no ar, manipulando energias que você não vê; é lindo descobrir coisas novas sobre você com o auxílio do “scan” de um Guia... Contudo, acredito que uma das jóias mais preciosas desse tesouro que nosso Pai nos legou consiste em encontrar, diante de você, um ser – hoje iluminado – que já trilhou os caminhos em que você se encontra hoje. Uma criatura que lhe dá o amparo necessário pra você secar suas lágrimas, porque já chorou pelos mesmos sofrimentos – e que hoje já não chora mais, porque os transcendeu e garante que você pode fazer o mesmo. Talvez possam dizer que o exemplo de nosso amado Mestre Jesus já seria o bastante, mas acho que muitos de nós ainda se encontram (me incluo aí) num estágio evolutivo que também necessita ver, ouvir, vivenciar essa experiência concretamente.

Uma vez, há muitos anos, minha mãe saiu de casa para algum compromisso. Acho que estava apressada e não se despediu direito do meu irmão, dois anos mais novo que eu. Descobrindo-se sem ela, o pequeno abriu o maior berreiro, apavorado; tive que acalmá-lo e dizer que eu estava ali, que ele não estava sozinho, que ela voltaria logo... disse as coisas possíveis e necessárias para que não sofresse mais, as coisas que qualquer vizinha, empregada ou algo do tipo poderiam dizer; mas fui eu que consegui tranqüilizá-lo, talvez por ser tão criança quanto ele, e tão filha dela quanto ele.

Não existem equivalentes para o conforto que se sente quando um irmão mais velho (que você conhece, em quem você confia, com quem você convive) te diz carinhosamente que sabe que está doendo, que aquilo vai passar e que tem certeza de que você não precisa ter medo. A identificação, a proximidade, a familiaridade são altamente legitimadoras dessa experiência, porque é através disso que conseguimos acreditar em nós mesmos e desenvolver nossa fé em algo maior (quer tenha seis anos de idade, quer tenha o tamanho do Universo). Isso é amor. Isso é Umbanda.