quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Hora de trabalhar!

“Chegou a hora do filho trabalhar,

Defumar sua coroa, bater a cabeça no congá.

Peço licença à Babá, licença pro Babalaô

Oxalá, Epa-Babá, Caô-Cabecile, Pai Xangô…”

(ponto de defumação)

Bem, lá estava eu, participando da turma de desenvolvimento mediúnico. Assistia às aulas, tomava parte dos trabalhos de abertura, dava passividade às minhas Entidades espirituais e consultava os Guias da Casa pra aprender um pouco mais. Tudo tranquilo (dentro do que um médium pode chamar de tranquilo, né? cada um sabe das provações que experimenta).

Até que um dia…

Um dia, o Coordenador da Casa chamou a mim e mais alguns irmãos: queria nos convidar para integrarmos a corrente de trabalho. Quase caí pra trás! Que susto, sô! Fiquei ali, de boca aberta, sem fôlego, sem saber o que dizer. “Mas, já?”, pensei.

Na verdade, devo confessar o seguinte: ao mesmo tempo em que a surpresa foi grande (o peso da responsabilidade também, e o medo de não estar suficientemente preparada, idem), senti, em algum lugar dentro de mim, que era parte natural do processo; que não havia o que temer. A hora tinha chegado. Certamente, a escolha contava com  o ajuizamento dos Guias da Casa: que mais eu deveria querer, pra acreditar em mim mesma e nas minhas Entidades?

Aceitei. E pronto. Apesar de haver um conceito de que a mediunidade é fruto de merecimento, não me senti mais “tchan”, mais importante ou melhor; prefiro pensar que só eu (aqui neste plano) é que conheço minha lista enooooooooorme de débitos, e que trabalhar pra poder crescer e pra resgatar tantas faltas é fruto da imensa misericórdia do Pai Maior (aliás, põe misericórdia nisso; a bênção de poder substituir lágrimas por suor é muito grande).

Assim, após uma oferenda ao Pai Oxossi, patrono da nossa Casa, comecei a trabalhar, numa gira com o Povo do Oriente. Estava toda orgulhosa, com minhas roupas brancas zerinho, rsrs… Ajudei a encaminhar os consulentes e a doar fluidos para alguns passes. No final do trabalho, ainda pude receber rapidamente minha Entidade! Muito filé, né?

Durante o trabalho, senti uma satisfação muito grande, mas serena. Às vezes, parecia tão natural estar ali… era como se não fosse propriamente uma “estréia”, não teve clímax, não teve comoção, só uma sensação persistente de bem-estar. Talvez, minha profissão tenha me ajudado a assimilar rapidamente o processo de adaptação; talvez, por outro lado, essa sensação de familiaridade possa vir de compromissos assumidos há muito tempo, antes mesmo de iniciar esta existência. De qualquer forma, foi uma emoção tão boa… estava meio esquecida de como é bom servir com amor; ultimamente, meu trabalho tinha perdido um pouco do encanto em lugar do stress. E a vibração? Ah, como é intensa e agradável a vibração que se percebe no abaçá, em relação ao salão da assistência! Dois ambientes ligados por continuidade, separados por um único degrau, mas com padrões vibratórios tão distintos! De fato, não dá vontade de sair de lá nunca mais.

Continuo sem saber muita coisa. Aliás, constatei que quase nada sabemos. Médium de Umbanda se enriquece muito à medida em que estuda, mas não pode abrir mão de conhecer a configuração e a história de sua Casa e – principalmente – manter ativo o espírito de caridade e lutar todo dia por sua reforma íntima. Não é mole, não…!!!

4 comentários:

Daisy disse...

Oi, Estela!
Comecei a acompanhar teu blog por intermédio do Milton e do Denis. É engraçado ler e se identificar com os mesmos sentimentos de insegurança, ora confiança, será que este pensamento é meu ou do guia? Para o médium cada dia de gira é diferente do outro e cada vez mais descobrimos que sabemos muito pouco.Agradeço sempre a paciência que os guias tem conosco, aprendizes.
Muita luz nesta tua caminhada espiritual e tenha a certeza que o teu trabalho fará muita diferença neste mundo tão caótico.
Um abraço fraterno,
Daisy

Estela disse...

Oi, Daisy!

Obrigada pela visita e pelo carinho!
De fato, cada gira é uma experiência nova, e uma oportunidade incrível de vivenciar a maravilhosa experiência da mediunidade. Devo confessar que, hoje em dia, manifestações mediúnicas tão maravilhosas me fazem pensar que eu não seria capaz de formular mensagens tão inspiradas - ou seja, minha certeza de que são as entidades trabalhando se dá por conta da grandeza de suas comunicações.
Que as bênçãos de nosso Pai Oxalá te acompanhem, hoje e sempre!

Abração fraterno!

Anônimo disse...

Olá Estela.
A partir de hoje começo a ler, seguir e indicar seu Blog. Meus parabéns, é muito bom encontrar um espaço onde podemos discutir e estudar sobre a linda umbanda.
Frequento a casa do Cacique Pena Branca e te vejo sempre lá, admiro muito seu trabalho.
Novamente meus parabéns, e que Pai Oxalá te ilumine sempre.
Abração
obs: linda voz.

Estela disse...

Oi, Douglas!

Obrigada pela presença, pela aprovação... e pelos imerecidos elogios. Que todos nós, abençoados pelo querido Cacique, possamos cada vez mais nos auxiliar mutuamente rumo ao progresso espiritual.

Que nosso Pai Oxalá ilumine e fortaleça teus passos, hoje e sempre!

Abração fraterno!

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